Bora, Bahêa!
Erich Beting
Estive ausente do blog nos dois últimos dias por boas razões. Além da organização da IV Semana de Marketing Esportivo em parceria com a Empresa Júnior da Escola de Educação Física e Esporte da USP, estive na sexta-feira em Salvador para participar de um debate organizado pelo Esporte Clube Bahia.
Na quinta e na sexta, pessoas do mercado de futebol e de fora dele também estiveram reunidos num hotel em Salvador para debater com dirigentes e executivos do Bahia uma série de temas que compõem o dilema da gestão de um clube de futebol nos dias de hoje.
Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, e Jorge Avancini, diretor executivo de marketing do Internacional, foram palestrantes nos dois dias de trabalho. O objetivo é o clube aprender um pouco com quem está no mercado ou tem feito coisas diferentes, como o projeto de gestão de sócios do Inter.
O grande sentimento, ao participar de um fórum de debates desse, é de que aos poucos o cenário para a gestão do futebol no Brasil começa a ficar melhor. Um dos maiores incentivadores e participantes ativo das discussões foi Marcelo Guimarães Filho, presidente do clube baiano.
O engajamento do presidente na tentativa de profissionalizar o cotidiano do clube é hoje um dos princípios para que os ares tornem-se mais eficientes na gestão das equipes. Faltam iniciativas que permitam aos clubes serem mais ágeis no desenvolvimento de serviços ao torcedor e, consequentemente, consigam gerar mais receita e montar melhores equipes, obtendo dentro de campo o resultado de um bom gerenciamento fora deles.
Muitas vezes os leitores do blog me criticam por ser duro com os times. Outros, porém, sempre acham que os seus departamentos de marketing são ineficientes ou incompetentes, para ficarmos apenas nas reclamações mais educadas.
O que pouco se discute hoje no futebol brasileiro é que o modelo político de escolha do corpo diretivo de um clube é um entrave para o desenvolvimento de um trabalho de gestão profissional. Dirigentes não-remunerados, apadrinhados políticos e outros quetais foram os que moldaram a estruturação dos clubes na primeira metade do século XX, quando o desempenho do futebol não era determinado pela geração de dinheiro.
Hoje a realidade é totalmente incompatível com o sistema estrutural dos clubes no Brasil. Enquanto um Flamengo precisar da aprovação de um conselho formado por mil pessoas para fazer qualquer acordo comercial, grandes alternativas para a geração de receita são deixadas de lado.
Outro grande problema é o tempo de duração dos mandatos dos presidentes. É ótimo não termos mais monarquias dentro dos clubes (as últimas estão próximas de acabar), mas também é impossível pensar na geração de resultados consistentes com apenas dois anos de mandato de um presidente. Como disse Jorge Avancini, do Inter, “no primeiro ano o presidente está conhecendo o clube, e no segundo tem de fazer política para se reeleger”.
O Bahia deu o exemplo ao organizar um debate para tentar mostrar ao seu conselheiro e a seus parceiros comerciais que o buraco é mais embaixo. São gigantescos os desafios de um gestor de um clube de futebol. Enquanto a estrutura não mudar, teremos lampejos de uma profissionalização dentro dos clubes. O Inter, por exemplo, só consegue dar continuidade a seus projetos porque, desde 2005, o mesmo grupo político está à frente do clube.
O problema do futebol é, mais ou menos, o mesmo enfrentado pela gestão pública no país. Tal qual o prefeito, o governador ou o presidente, seu sucessor sempre tenta fazer fama em seu mandato, geralmente suprimindo o que foi feito de bom na gestão anterior.
O segredo estará em buscar um projeto de clube do futuro, como propôs o Bahia em seu seminário: “Fazendo hoje o Bahia de amanhã”.
Enquanto os políticos que governam tanto o país quanto os clubes pensarem apenas em projetos de poder, e não da instituição que representam, o futuro será sempre um grande ponto de interrogação.
Bora, Bahêa! Dê ao futebol brasileiro o exemplo que tanto precisamos encontrar!
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Erich Beting
31/08/2011 15:49:13
Meu caro, lamentável é o senhor fazer tais afirmações sem conhecimento da condição em que fui participar do seminário. Saiba que o senhor pode, inclusive, responder criminalmente por fazer acusações sem base. Um abraço, Erich
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OMeN
30/08/2011 11:39:04
O blogueiro se encantou pelo "canto da sereia" de um seminário onde ele, como palestrante, recebeu $$$ para estar lá,. Uma viagem para a Bahia. nada mal...Nós que somos torcedores do EC Bahia e que sofremos as consequências das más gestões da família Guimarães, sabemos o quanto esta teoria não se aplica na prática, na vida real.O EC Bahia está longe, mas muito longe mesmo, de ter algum profissionalismo em sua (des)organização.O blogueiro compromete a sua credibilidade ao tratar o assunto como se profundo conhecedor fosse, sendo que seu conhecimento da causa é absurdamente superficial. Lamentável.
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Erich Beting
29/08/2011 11:55:37
Luidgi, um exemplo muito citado no seminário foi o da Bundesliga. O que me chamou a atenção para a iniciativa do clube foi a vontade de reciclar a cabeça dos gestores, de preparar mudanças e buscar novos caminhos para o clube. Quanto à questão da disparidade financeira, é exatamente pela falta de massa crítica de boa parte dos dirigentes que aceitou-se, por exemplo, um contrato individual entre os clubes e a Globo, desprezando os benefícios de uma negociação coletiva. O exemplo da Bundesliga é claro para mostrar o melhor caminho que o futebol brasileiro teria a seguir. Mas é melhor dar um primeiro passo do que andar para trás, não é mesmo? Abraço, Erich
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Fabiano Giovani
29/08/2011 09:38:00
Um exemplo de gestão, essa do Bahia....competência refletida dentro de campo. Atropelado pela carroça desembestada do Ceará. Dá-lhe VOZÃO!!!
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alves
29/08/2011 09:19:49
OLHA É INADMISSÍVEL QUE UM CLUBE DE FUTEBOL COM 4 MILHÕES DE TORCEDORES FIQUE MENDIGANDO DURANTE SETE ANOS UM ACESSO PARA A ELITE DO FUTEBOL BRASILEIRO O BAHIA É GRANDE E TEM QUE SE PORTAR COMO TAL, TEM QUE AMADURECER COMO CLUBE QUE FIQUE ATUAL DIRETORIA QUE VENHA OUTRA A MUDANÇA ESTA NA MENTALIDADE DE GERIR, OLHEM OS EXEMPLOS EUROPEUS OS CLUBES DEVEM, NEM POR ISSO DEIXAM DE SER VENCEDORES E SÃO GRANDES MARCAS.
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Francisco Chagas
29/08/2011 08:56:29
Bom dia, Erich.Muito bom saber que um Clube como o Bahia tem uma iniciativa dessa relevância. Tenho relevado minha preocupação com o futuro do meu clube também, mesmo reconhecendo maiores facilidades uma vez que se trata de um clube do eixo Rio - São Paulo. A falta de profissionalização dos clubes, a presença nefasta de dirigentes que somente pensam em se locupletar, além da ação nociva de dirigentes de federações e da CBF, são desafios a serem vencidos pelos nossos clubes. Que o meu clube, o atual campeão brasileiro, siga o exemplo do Bahia. Mas que tenha bom senso também ao fazer a escolha dos palestrantes, pois vamos convir: Andrés Sanches não pode servir de parâmetro, de exemplo, para clube nenhum no mundo! Já a gestão do Internacional, é verdadeiramente reconhecida como eficiente e muitíssima saudável ao clube.Abraços.
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Augusto Soares Jr.
28/08/2011 11:31:31
Erich, Bom vê-lo estimulado com ações que aparentemente demonstram amadurecimento das gestões dos clubes. Pena que este não é o caso do ECBahia. Comandado há mais de duas décadas por um único grupo político, alheio a sugestões externas e indiferente ao apelo do torcedor - ávido pelo direito de particpar da escolha do seu presidente, o tricolor baiano, de Angioni, C. Alberto e Ricardinho é apenas um arremedo de instuição que ignora solenemente a força que lhe manteve viva durante todos os anos de crise. Com ações desordenadas de "marketing" e uma extrema má vontade para aprovar um estatuto mais participativo e atraente para o torcedor, o presdiente vai engabelando a todos com um discurso pseudo-moderno, que fala em gestão de ponta e promove debates ilustrados por cases que estão bem adiante da nossa realidade e que nem a médio e longo prazo trazem algo de realmente novo para o "feudo" dos Guimarães. Veja você mesmo: Procure se lembrar de tudo o que foi apresentado e discutido no debate e acompanhe a direção deste gestão, apontada como "bem intencionada".Cordialmente, Augusto S. Júnior
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André Pelegrino
28/08/2011 03:06:32
Incrível como ninguém percebe que o presidente do Bahia só quer aparecer, que seu interesse é politico...além de ser um grande caloteiro!
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Luis Inacio
28/08/2011 00:38:14
Caro Erich, vc pode estar de gozação ou é total falta de conhecimento sobre a situação do Bahia.O Bahia não tem condições nem interesse de servir de exemplo a ninguem. O comentário do Alex dá uma boa resumida ... sem falar no pai do atual presidente, o ex-presidente Marcelo Guimaraes... é quase uma disnatia ... vc deveria se informar mais antes de emitir uma opinião destas..
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Sidnei Castilho
27/08/2011 23:19:47
esta corretissimo o bahia ter como exemplo corinthians e inter,o clube paulista é o que mais sabe fazer ações de marketing no Brasil hoje,vem conseguindo milhões atrás de milhões com diversas ações e é lider em arrecadação da américa do sul.
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Luidgi Tricolor de Aço em Brasília
27/08/2011 21:26:55
Caro Beting, o Bahia, maior torcida do Norte-Nordeste, têm sofrido muito com más administrações, geridas pelo mesmo grupo amador a mais de 40 anos, e mesmo que esta iniciativa tenha sido positiva por parte de MGF, continuamos próximos do Z-4, com ingressos caríssimos, jogadores sem nenhum vínculo com o clube, além da disparidade brutal de receitas entre os times do eixo do mal Rio-São Paulo e os outros-como disputar com receitas 4x maiores? Vide o exemplo da Bundesliga, hoje maior média de público do mundo e bons jogos!
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RogérioR
27/08/2011 14:21:04
Espero que o Juca não leia o seu blog, senão, devido ao ódio que ele tem do RT e, por consequência , dos que se declaram amigos do presidente da CBF, ele vai dizer que o Bahia é uma porcaria, pois levou o Andrés para fazer palestra.
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João Carlos
27/08/2011 12:33:23
Acho que assim você realmente aprofunda o debate, afinal um modelo de gestão vencedor é o que todos procuram e pouquíssimos encontram. Qual o modelo mais adequado? Quais os modelos que se apresentam para análise detalhada e aprendizado? O que percebo em certos setores é muito confete sobre marketing (cases!?) e pouca sobre gestão vencedora, que são coisas complementares mas evidentemente diferentes. Marketing é essa coisa fácil de conseguir uma comissão (nos patrocínios, nas ações de campo, nos anúncios, nos produtos licenciados, etc) mas falar de gestão é pra gente grande. Os caras do marketing adoram posar de geniais e criativos, como é o caso desse Avancini, mas o fato é que só mostram esta competência quando o time vai bem em campo, quando o resultado de campo é fraco o papo é outro... Então a pergunta que se impõem é óbvia: e como ter grandes resultados de campo? Isso é gestão, um sistema bem mais complexo e pouco previsivel mas que de fato gera os resultados. Sobre isso os clubes deveriam se aprofundar.
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Marco
27/08/2011 09:09:28
O presidente Marcelo Guimarães Filho se desvinculou das oligarquias anteriores e está promovendo um grande salto para o futuro à frente do meu Bahia - profisionalizando a gestão do futebol, aumentando o número de sócios-torcedores, impulsionando o marketing...O resto é choro de uma oposição com idéias opacas, que não tem prestígio junto à torcida e fica se lamentando pelos muros e ladeiras da cidade.Bola prá frente, Marcelinho !Bora, Bahêa !
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Everton
27/08/2011 01:11:35
Venceslau. Concordo com Erich e discordo do presidente do Bahia
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Everton
26/08/2011 23:15:49
Concordo com tudo isso ai Erich, porém o senhor Marcelo Guimarães Filho Presidente do Bahia, faz parte de um grupo que está a frente do clube por mais de 15 anos, coincidência ou não foi apartir dai que o Esporte Clube Bahia começou a sua decadência, democracia e Guimarães aqui na Bahia são palavras totalmente diferentes. Tomara que o nosso Presidente filho de Marcelo Guimarães aquele mesmo que foi investigado pela policia federal, abra o clube para sua imensa e apaixonada torcida
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Alex
26/08/2011 22:33:27
Erich, veja as promessas não cumpridas dessa atual gestão do Bahia: a) um novo estatuto com eleição direta para presidente, b) eleição proporcional para o conselho deliberativo e fiscal do clube, c) abertura e transparência (essencial para a consolidação da gestão); d), plano de associação dos torcedores, e) criação das comissões para analisar a desapropriação da sede de praia e a permuta do fazendão pelo novo CT. Além disso, o Bahia não publica a lista de sócios (mesmo com decisão judicial para que se cumpra); barra a entrada de novos sócios; como a situação é minoria nas Assembléias, arbitrariamente se tenta fazer votações no senta e levanta e por isso as Assembléias não terminam. Erich, se vc visitar o clube vai ver que fora o Angioni no futebol, o nível dos profissionais é baixíssimo (o que vc deve ter imaginado pela pseudo-palestra do presidente e pelas pessoas que deve ter conhecido). Infelizmente, continuaremos patinando.
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