Mario Fernandes e o resgate da imagem da seleção
Erich Beting
O não de Mario Fernandes para a convocação à seleção brasileira nada mais é do que um reflexo da falta de interesse cada vez maior no time nacional. Não há nada de absurdamente errado, hoje, em um atleta não aceitar defender o Brasil. Não é falta de amor à pátria, não é desrespeito às cores do país ou algo do gênero.
Tudo isso é, tão e somente, a falta de identificação do jogador com o time. E que, por sua vez, é reflexo de um distanciamento cada vez maior das seleções em geral de seu torcedor.
Com a transformação dos times em potências multinacionais, o sentimento de identidade de uma pessoa com a seleção de seu país diminuiu. Os jogadores, na maior parte das vezes, não convivem com a realidade de sua pátria, morando no exterior e não entendo o quanto pode ser valioso saber que seu país é representado por ele.
Falta, não só ao Brasil, criar um elemento que faça com que o time nacional seja tão importante quanto o clube pelo qual o torcedor tem afinidade. Não se pode mais achar que o momento máximo da carreira de um atleta seja defender a seleção de seu país, da mesma forma que, para o torcedor, muito mais importante do que um título mundial a cada quatro anos é a vitória sobre o maior rival no final de semana.
Não seria nada ruim para a CBF investir alguns milhões de dólares numa pesquisa para medir a popularidade da seleção brasileira e da entidade como um todo. Quem sabe, com isso, até 2014 a confederação consiga resgatar um pouco da alma do time nacional sem depender do resultado dentro de campo, como sempre foi a história da seleção desde antes da existência da CBF.
O não de Mario Fernandes pode significar o início de um processo de resgate da imagem da seleção. Dinheiro para se investir nisso, como se sabe, não é problema. Talvez exatamente aí já se tenha o início do caminho para encontrar a resposta para uma mudança na imagem da seleção…