O estranho silêncio sobre a São Silvestre
Erich Beting
Sem alarde, há poucos dias a organização da prova da São Silvestre divulgou o regulamento da competição, confirmando a alteração de trajeto da prova, com a chegada na região do Obelisco, no bairro do Ibirapuera, e o fim do término na Avenida Paulista.
Desde sempre a Yescom, organizadora da competição, dizia que a preocupação maior era com o atleta, e já no ano passado dava a entender que possivelmente a chegada da prova não seria mais na Avenida Paulista.
Aí, quando finalmente a Paulista foi riscada do mapa, a tal ''preocupação'' com o atleta mostrou ser descaso mesmo. O regulamento publicado no site dava pouco estardalhaço para a questão do novo trajeto e, pior do que isso, continha a informação de que a medalha continuaria a ser entregue no kit de participação do atleta, antes de a prova ter início e que teoricamente tinha sido um dos argumentos usados para defender a migração da chegada para ''atender o desejo de o atleta receber a medalha após cruzar a linha''.
Depois de as pessoas relatarem o descaso de um simples ''copiar e colar'' do regulamento do ano passado, com uma ''pequena'' alteração sobre o local de chegada, a organização simplesmente disse que havia um erro e que prontamente seria alterado.
Agora, o regulamento no site está mais arrumadinho, com as informações corretas. Mas, estranhamente, simplesmente nenhuma das partes envolvidas se prestam a falar com a imprensa para conversar sobre essa importante alteração no trajeto da mais tradicional prova de rua da América do Sul.
A ''culpa'' continua sendo da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), única instituição que até agora se manifestou e assumiu a responsabilidade pela alteração da chegada para a região do Obelisco.
Perguntar não ofende: o consumidor não mereceria um pouco mais de consideração da parte dos organizadores? Ou simplesmente a função dele é pagar pela inscrição, correr a prova e, de preferência, não reclamar?
Será que combina mesmo a alcunha de que a São Silvestre é uma das mais democráticas corridas de rua do mundo?