O fim do rebaixamento é a solução do futebol?
Erich Beting
O movimento começou na Inglaterra, com os donos de clubes da Premier League defendendo publicamente o fim do sistema de promoção e rebaixamento no Campeonato Inglês.
O receio, nesse caso, não é tanto pelo risco de ver o time na Segunda Divisão, mas muito mais pela lucratividade de uma competição com clubes tão díspares do ponto de vista financeiro.
O maior problema que existe hoje na Premier League é o abismo que existe entre os clubes de ponta e aqueles na rabeira da tabela. Há uma grande disparidade tanto na geração de receitas quanto na ambição mercadológica dos clubes. E isso, de uma certa forma, emperra o próprio crescimento do Campeonato como um produto global.
A hipótese de acabar com o rebaixamento ainda não é aceita na Inglaterra, mas começa a ser um indício de que, aos poucos, o futebol começa a criar um patamar de gestão que leva a um fenômeno similar ao das competições esportivas nos Estados Unidos.
Por lá, o esporte profissional é restrito a uma elite. Rebaixamento não é uma hipótese considerada para os campeonatos principais simplesmente porque o conceito é outro. A instituição existe enquanto for lucrativa. Do contrário, ela simplesmente fecha as portas.
Esse conceito começa a tomar conta do futebol na Inglaterra. O clube tem de ser viável economicamente para ser interessante como negócio. É por isso que muitos investidores passaram a comprar algumas equipes nos últimos anos. Agora, porém, para o negócio ser mais lucrativo, é preciso que o principal torneio do país também o seja.
E isso passa, necessariamente, pela revisão do conceito de existência de rebaixamento e promoção de equipes que são tão díspares do ponto de vista financeiro. O torcedor, sem dúvida, perde muito com isso. Mas no nível de profissionalismo que se encontra hoje o futebol, principalmente na Inglaterra, o debate é, no mínimo, um primeiro passo para se discutir o futuro do esporte mais popular do mundo.