Negócios do Esporte

Por que preservar a identidade de um clube é importante

Erich Beting

“Corintiano, maloqueiro e sofredor, graças a Deus”. Esse é o lema que move grande parte dos torcedores do Corinthians em sua vida esportiva. E que transfere para o campo esse sentimento. O corintiano é, por excelência, um torcedor que está com o time até o fim, vide o que aconteceu na antepenúltima rodada, no jogo contra o Atlético Mineiro, em que o Timão alcançou a virada aos 43 minutos do segundo tempo. A alma corintiana ajudou, e muito, o time a conquistar o resultado dentro de campo.

Da mesma forma, vários outros torcedores de outros clubes têm essas “manias” por assim dizer, que movem a sua paixão pelo time. Só que essas frases da torcida têm muito a dizer e a ajudar os clubes para se tornarem marcas mais poderosas.

Outro dia, conversando com um amigo torcedor do Bahia, surgiu a ideia desse post. Nos anos 80, o Bahia tinha como regra não ser derrotado dentro de casa. Não importava o adversário nem a fase do time. Jogo na Fonte Nova era certeza de vitória. Sua desolação com o time neste Brasileirão era exatamente por ele não estar cumprindo com sua história. Fazia parte do DNA da marca não perder jogos em seu estádio.

No Santos, os “Meninos da Vila” vão guiar o clube pelos próximos anos. Não, aqui não falamos de jogadores, mas de conceito de marca. O Santos, que em 2012 completa seu primeiro centenário, vai deixar clara a mensagem que quer passar: é o time da irreverência, do jovem, voltado para as vitórias com uma equipe formada por atletas com pouca experiência, mas muito talento.

E os outros times?

É preciso urgentemente fazer uma visita ao passado, ou então o dirigente tem de passar mais tempo sentado no concreto da arquibancada. É do torcedor que conseguimos extrapolar o conceito do que é aquela marca. Quando o clube sabe quem ele é, fica muito mais fácil trabalhar. Não à toa, muito do que hoje representa o Barcelona para o mercado esportivo mundial está simplificado numa frase: “Mais que um clube”.

Enquanto esse conceito não permear todas as decisões de um clube de futebol, de muito pouco servirão os estudos com avaliações de valores de marcas de clubes. É muito mais honesto, por incrível que pareça, usar o jargão “tal clube tem uma marca muito forte, mas que é pouco explorada”. Afinal, são raros os exemplos de clubes que fazem um estudo para saber ao menos qual é a identidade de sua marca. A partir daí é que poderemos pensar em comparar potencial de mercado com os resultados efetivos de uma determinada ação.