O início de uma evolução no futebol brasileiro
Erich Beting
Aos poucos o futebol brasileiro inicia um processo de evolução. A fórceps, como sempre indicava, pela falta de profissionalização da estrutura dos clubes, mas um início de melhoria na gestão do futebol nacional como um todo. A exemplo do que foi lá atrás, na virada de 2002 para 2003, com a adoção de um calendário fixo, sem mudanças de regras e de datas, com o Brasileirão em pontos corridos. Agora, porém, a adequação é com a nova realidade do futebol como negócio no país.
As mudanças recentes promovidas pela CBF são uma prova dessa gradual evolução. Ainda não é o ideal, mas já é um pequeno passo que pode trazer bons resultados, principalmente nas finanças dos clubes. A abertura de um respiro no calendário do Brasileirão, já no ano que vem, para que os clubes possam excursionar no exterior ou receber clubes em pré-temporada é um alento. Essa medida ajuda no processo de internacionalização das marcas dos clubes brasileiros e, também, permite que o caixa seja reforçado com o pagamento de cachê pelas excursões. Se bem trabalhada pelos clubes, em vez de servir de vitrine para a posterior venda de jogadores, essas partidas ajudarão a fortalecer as marcas dos times lá fora, gerando melhores contratos de patrocínio, maior promoção no exterior, etc.
Outra importante evolução foi a ampliação do período de disputa da Copa do Brasil e, consequentemente, a permissão de que os clubes que estejam na Libertadores façam parte dela. É um passo para a padronização do nosso calendário, sem punir o clube que é eficiente dentro de campo com a exclusão de um torneio que rende dinheiro e fama à equipe.
Por fim, outra notícia, revelada no início da semana pela Máquina do Esporte (leia aqui), dá conta de que a Globo já faz estudos sobre como passará a falar o nome das empresas que batizam os estádios de futebol que irão surgir no país. É mais um indício da evolução do esporte como negócio.
Só que todas essas mudanças serão acompanhadas também, por uma outra evolução, naturalmente ainda mais lenta mas significativamente mais produtiva para assegurar um bom futuro ao futebol brasileiro. Com receitas cada vez maiores, a responsabilidade dos clubes também serão ainda maiores. E, nesse cenário, sobreviverão apenas aqueles que estiverem de fato preparados para gerenciar os seus clubes – e especialmente o departamento de futebol – como um negócio. Mas, para mudar a estrutura centenária dos clubes, ainda levaremos mais um certo tempo. O lado bom é que quem já começou a preparar essa mudança está, hoje, um passo à frente dos outros. E vão acelerar o processo, mais uma vez na marra.