A simbiose entre a mídia e o esporte
Erich Beting
''Com todo agradecimento ao Esporte Interativo, mas se fosse uma outra emissora de TV exibindo nossos jogos, esse campeonato ia bombar''. A frase é de Manoel Luiz Oliveira, presidente da Confederação Brasileira de Handebol, dois dias antes da final do Mundial feminino da modalidade, encerrado no último domingo em São Paulo.
A declaração do dirigente foi reproduzida nesta segunda-feira na ''Folha de São Paulo'', e resume bem a importância do relacionamento entre mídia e esporte. Um depende do outro para crescer. E foi exatamente isso que reclamou Oliveira.
Os organizadores do Mundial tentaram outras emissoras para exibir as partidas do evento, mas acabaram ''apenas'' com a exibição da Esporte Interativo. O problema é que o canal, baseado na antena parabólica, tem alcance muito reduzido, sendo que em alguns lugares é sintonizado, mas a imagem não é nítida, especialmente em São Paulo, sede principal da competição. Para piorar, com a agenda do futebol bastante ocupada (final do Brasileirão e disputa do Mundial de Clubes), a divulgação do Mundial ficou para um segundo plano.
O resultado foi que, nos países escandinavos, o handebol teve o status de esporte grande, com mais de 15 milhões de espectadores pela telinha. Já no Brasil, ficou reduzido a um público segmentado, amante da modalidade, sem decolar e conseguir atingir um dos principais objetivos propostos, que era a popularização da disputa.
O exemplo resume, perfeitamente, a dura relação entre mídia e esporte. No final das contas, os dois dependem demais um do outro, numa relação simbiótica. Sem divulgação da modalidade, o esporte não decola. E, dessa forma, a TV perde conteúdo para exibir. Enquanto o esporte não se fortalecer e entender a importância da mídia para divulgar o seu conteúdo, e da mesma forma enquanto a mídia não entender seu papel dentro da cadeia produtiva do esporte, continuaremos a ver exemplos como o do handebol.
As histórias de Jogos Olímpicos e Copa do Mundo, ou até mesmo do crescimento do vôlei no Brasil, mostram a importância de trabalhar a parceria com a mídia. Isso não significa apenas assegurar uma emissora para transmitir o seu evento, mas cobrar dela a promoção e divulgação. Sem isso, a relação entre a mídia e o esporte ficará estagnada. E os dois sairão perdendo.