O primeiro “gol” de Ronaldo no COL
Erich Beting
Ronaldo conseguiu fazer o seu primeiro gol como articulador do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014. O Fenômeno aparentemente calou uma importante voz dissonante do Mundial no país.
Ao abrir o diálogo com Romário para que os deficientes físicos tenham acesso à competição (leia aqui), Ronaldo não apenas teve uma atitude inteligente, coisa que até então não havia se passado pelas cabeças que ''controlam'' o COL. Romário era até agora uma das mais poderosas vozes contra o desmando da organização da Copa no país.
Agora, com a entrevista coletiva de imprensa que houve no último dia 23, claramente o Baixinho já passou a fazer parte do processo, como o próprio Ronaldo prometeu quando assumiu o cargo no COL, que era unir o país para que sentíssemos orgulho de poder realizar a Copa por aqui.
O Fenômeno tenta agregar todas as partes dissonantes em torno do Mundial, além, é claro, de ser um escudo para Ricardo Teixeira.
A falta de engajamento da população com a Copa não é novidade. Pelo contrário, tem sido cada vez mais constante. Problema semelhante foi encontrado na Alemanha, quando Joseph Blatter declarou que a Copa era da Fifa, e não do país anfitrião. Na época, Beckenbauer fez, como de costume, um ótimo papel como meio-campista, articulando as diferentes partes em torno de um bem maior, que era realizar o Mundial e mostrar uma Alemanha sem preconceitos, pronta para ''fazer amigos'', como dizia o slogan da competição.
Ronaldo, até agora, dá a cara a tapa, mas sem qualquer sinalização de que o Brasil sabe, de fato, o que quer com a Copa do Mundo. No país que se orgulha de ser criativo, improvisar e pouco planejar, precisamos mais uma vez da genialidade e do poder de convencimento de Ronaldo para driblar as incertezas.
Mas o primeiro gol ficou com um quê de gosto amargo. Com certeza a dupla Ro-Ro nos deu muito mais alegrias dentro de campo. Fora dele, seria bom que ela continuasse a brilhar, mas sem a sombra de Ricardo Teixeira por trás.