O que queremos com a Copa do Mundo?
Erich Beting
Neste instante, mais uma entrevista coletiva acontece com as presenças de Ronaldo, Jerôme Valcke e Aldo Rebelo para falar sobre os preparativos para a Copa do Mundo no Brasil. E mais uma vez virão as declarações de ''energia que contagia'' do povo brasileiro, do progresso magnífico dos trabalhos, dos envolvimentos sintonizados das diferentes áreas da gestão pública na realização do evento.
Mas a pergunta a que não conseguimos resposta é: O que queremos com a Copa do Mundo?
No projeto para levar para o Rio de Janeiro a edição de 2016 dos Jogos Olímpicos, mostramos claramente que era a oportunidade de a América do Sul pela primeira vez abrigar o torneio, que também pela primeira vez iria para um país emergente do então terceiro mundo, que até 2016 seremos a quinta maior economia do mundo, etc.
Mas e em relação à Copa? O que vamos fazer com ela? De que ela servirá ao país? Há quatro anos que esse debate simplesmente não é colocado em pauta. Perdemos a oportunidade de conseguir extrair do evento investimentos maciços em melhoria de infraestrutura, em geração de empregos, em promoção do turismo no exterior. Não temos nem ao menos nos preocupado em qualificar o micro e pequeno empresário para que o setor de serviços não sofra abalos com a demanda de um evento como esse. Também não fizemos absolutamente nada para impedir especulação imobiliária em locais próximo às áreas de realização dos jogos, algo que encarece, e muito, a conta de um Mundial.
Na noite da última quarta-feira, pelo Twitter, o ministro Aldo Rebelo disse que apresentaria ao Comitê Organizador Local (COL) e à Fifa o projeto de Copa do governo brasileiro. Hoje, mais uma vez, ele tem a oportunidade de mostrar que país queremos para a Copa. Até agora, com a coletiva em andamento, não se falou nada sobre isso. Qual o legado esportivo do evento? O que será dos estádios públicos após o torneio? Como faremos com o aumento da infraestrutura hoteleira após a Copa? São perguntas que seguem sem resposta.
Para piorar ainda mais a sensação de total despreparo do Brasil para o torneio, no site oficial da Copa promovido pelo Ministério do Esporte, um erro grosseiro de informação na capa. Diz lá que a Copa Africana de Nações que começa no sábado servirá para definir o representante africano na Copa das Confederações de 2013, que acontece no Brasil (leia aqui). A definição, porém, só virá no ano que vem mesmo, na edição de 2013 do torneio…