Xavi e Iniesta ou Thiago Neves, Deco e Wagner?
Erich Beting
Caro torcedor, qual meio-campo você escolheria para o seu time? A dupla Xavi-Iniesta ou o trio Thiago Neves-Deco-Wagner? Possivelmente não há muita dúvida de quem seria o seu meio dos sonhos. Mas então vamos a outra pergunta. E se o custo mensal para contar com uma formação como a do Barcelona fosse próximo da que estará em 2012 no Fluminense? Aí a resposta fica ainda mais fácil de ser encontrada.
Curiosamente é isso o que acontece hoje, época em que o futebol brasileiro é inundado de dinheiro mas sem um controle bem feito dos gastos realizados. Xavi e Iniesta custam, por mês, cerca de R$ 2,8 milhões aos cofres do Barça. O trio do Flu consome por volta de R$ 2 milhões mensais.
Da mesma forma, o Fluminense (via Unimed) paga em Deco, já em final de carreira, o mesmo que a Internazionale gasta com Sneijder, meia titular da seleção holandesa vice-campeã mundial. Considerando que, em 2010, o Flu faturou R$ 75 milhões e a Inter por volta R$ 500 milhões, a comparação soa ainda mais absurda.
O futebol brasileiro tem faturado como nunca conseguiu. Economia em alta, patrocinadores idem. O problema é ter racionalidade na hora de controlar esses gastos. É impossível um clube dispender com Thiago Neves, Deco e Wagner cerca de 70% do que o Barcelona gasta com a melhor dupla de meio-campistas da atualidade. Ou os mesmos 70% do custo de Messi, o melhor do mundo.
Não podemos pensar em termos um futebol rico se não gerarmos frutos com essa riqueza. Enquanto os clubes se estapeiam para pagar salários a jogadores medianos que são equiparáveis aos principais jogadores do mundo, o futebol brasileiro não conseguirá se profissionalizar.
A comparação dos gastos do Flu com Barça e Inter vale também para diversos outros salários astronômicos que têm sido pagos nos últimos meses a jogadores no Brasil. E serve de alerta para alguns investimentos futuros. Será que não valeria ir atrás de reforços do exterior? Por que só a Europa é importadora de pé-de-obra? Ou por que não buscar jogadores fora da América do Sul?
O discurso que permeia o Brasil de hoje é o de transformação do país em potência econômica mundial. Por que o futebol não pode também mudar o curso e começar a importar jogadores de outros lugares? Para isso, porém, é preciso saber fazer melhor uso do dinheiro que parece jorrar cada vez mais dentro dos cofres.