O consumidor em primeiro lugar
Erich Beting
Já era madrugada desta segunda-feira no Brasil quando o New York Giants tornou-se campeão pela quarta vez do Superbowl, o principal evento esportivo de um único dia no mundo. Minutos depois de Eli Manning receber a taça pelo título no futebol americano, o site oficial dos Giants colocava no ar uma linha de produtos à venda alusiva à vitória recém-alcançada.
Não era apenas a camisa comemorativa que todos os atletas trajavam ainda no gramado do Lucas Oil Stadium, mas uma coleção que tinha boné, chaveiro, copo, caneca, tapete de casa, babador para criança, etc. São mais de mil itens disponíveis para o torcedor comprar o que quiser imaginar com a mensagem de campeão do SB46.
A questão é simples. O foco do Giants é ganhar títulos, sem dúvida, mas para que isso seja possível, ele precisa colocar o consumidor em primeiro lugar. É para ele que o clube trabalha e, mais do que isso, é o torcedor quem assegura a subsistência de um clube.
Na sexta passada, escrevi aqui sobre o que seria o diferencial do Superbowl. No final das contas, o americano é tão diferente no gerenciamento do esporte porque seu mantra é colocar, sempre, o consumidor em primeiro lugar.
Com mais de mil itens à disposição para o torcedor, o Giants mostra como é fácil conseguir aumentar receitas e fazer com que a área de licenciamento seja um componente importante da receita de um clube.
Enquanto não colocarmos o torcedor na linha de frente da prioridade de um clube, será muito difícil mudar realmente a condição de gestão do esporte. A Europa percebeu isso há 20 anos, na revolução provocada pela Premier League inglesa e pela Liga dos Campeões da Uefa.
Por aqui, a primeira chave é mudar o conceito de uso da palavra. Torcedor deve ser substituído, urgentemente, pelo termo consumidor.