Negócios do Esporte

Há futuro para o futebol feminino?

Erich Beting

Uma reunião no Ministério do Esporte nesta terça-feira deu mais um alento para o futebol feminino. O ministro Aldo Rebelo recebeu algumas atletas e prometeu um maior empenho em ajudar a modalidade, de fato, a ser minimamente profissionalizada no país.

Esqueçamos as promessas que pipocam a cada ano olímpico após um pódio obtido pelas meninas. O mérito de Rebelo é demonstrar preocupação com o futebol feminino num aparente momento de baixa. Mas a questão que fica é se, de fato, existe um futuro para o futebol das mulheres.

No mês passado, nos Estados Unidos, mais uma vez os dirigentes decidiram descontinuar a Liga de futebol feminino. O motivo é a dificuldade em manter o negócio rentável.

Se nem mesmo na terra que é considerada modelo para o desenvolvimento do futebol feminino o esporte prospera, o que será do Brasil, em que nem mesmo projeto para o Campeonato Brasileiro masculino existe?

Em todo o mundo, são raros os casos de ligas de futebol feminino de sucesso. Os dois melhores exemplos talvez sejam a Suécia e, com muito menos valor, a Alemanha. Nos dois casos, porém, a manutenção do futebol feminino tem mais relação com o estabelecimento de políticas públicas de prática esportiva do que propriamente de unidades rentáveis de negócio.

E é isso que explica mais um insucesso do modelo americano de gerenciamento do esporte para a manutenção de uma liga profissional das mulheres. Simplesmente o futebol feminino, como produto comercial, não é rentável.

Por aqui, nem o futebol masculino se mantém superavitário, principalmente por conta da paixão que move os dirigentes e os clubes. O alento para o futebol feminino será se, realmente, o governo encampar o desenvolvimento da modalidade como projeto político.

Mas não teremos uma abundância de patrocinadores, salários realmente altos para as atletas e tudo o mais. Simplesmente essa não é, mundialmente, a realidade do futebol entre as mulheres.

O futuro do futebol feminino depende de política de governo. Pelo menos a reunião desta terça no Ministério do Esporte pode ser um bom sinal.