Pelé ou Messi. Quem foi o maior?
Erich Beting
Não, querido leitor, não enlouqueci. Essa pergunta foi feita a mim por um jornalista francês que trabalha e mora no Gabão e, mais do que provado, não entende nada de bola (e isso pude comprovar não pela pergunta que dá título ao texto, mas sim por ele não entender como funcionava o sistema da disputa por pênaltis durante a final da Copa Africana de Nações!!!).
Bom, a pergunta seguiu-se a um extenso debate sobre o futebol de ontem e de hoje, os títulos conquistados e a indestrutível marca de mais de 1200 gols de Pelé. Quando vi que esse argumento caía por terra quando um espanhol (torcedor do Barcelona, é claro) disse que muitos daqueles na contagem eram de partidas amistosas, lembrei-me de um relato feito horas antes pelo francês quando desembarquei no Gabão.
Ele havia dito que Pelé tinha dado o pontapé inicial numa partida de futebol de areia em Libreville, capital do Gabão, no sábado véspera da final da Copa Africana de Nações. Pelé foi contratado pelo governo gabonês para acompanhar a decisão e, claro, apadrinhar um projeto social ligado ao futebol promovido pelo ditador Ali Bongo Odimba.
Políticas de pão e circo à parte, o fato é que a presença de Pelé na praia de Libreville fez com que, nas palavras do jornalista francês, as pessoas se hipnotizassem e celebrassem a presença do ex-jogador como raras vezes ele tinha visto no Gabão.
Perguntei, então, se eles acreditavam que, 35 anos depois de ter simplesmente parado de jogar, Messi conseguiria atrair tantas pessoas para um evento e, mais do que isso, deixasse todas elas paralisadas e hipnotizadas como Pelé consegue fazer por onde ele passa.
O fato é que dificilmente haverá outro Pelé no mundo, em qualquer ramo de atuação. Um cara que é mundialmente conhecido, mesmo tendo jogado numa época sem TV, internet e redes sociais. Um cara que simplesmente consegue, apenas na divulgação boca-a-boca, ou geração a geração, ser perpetuado como um mito.
Messi pode fazer os gols que quiser, ganhar os títulos que disputar, mas possivelmente não conseguirá ser como Pelé. Até pode, esportivamente, ser maior do que ele, mas com certeza não terá nunca o apelo de mídia e o índice de popularidade do Rei do Futebol.
Horas mais tarde dessa discussão sobre Pelé e Messi, no Estádio da Amizade, o telão mostrava o rosto de algumas personalidades presentes à decisão entre Costa do Marfim e Zâmbia no decorrer do jogo. O único ovacionado por todo o estádio ao ser filmado não foi Platini, Samuel Eto’o (que foi muito aplaudido, é verdade) ou o ditador Ali Bongo (que também teve uma excelente recepção da torcida). Foi só aparecer o rosto de Pelé que o estádio inteiro começou a aplaudir…
A discussão sobre quem era melhor?
Quando lembrei da história de Pelé na praia de Libreville, subitamente o tema passou a ser a possibilidade de Nadal ter se dopado para jogar, discussão que deixei restrita a franceses e espanhóis…