O mercado de patrocínio começa a se autorregular
Erich Beting
Já passou o Carnaval, e Corinthians, Flamengo e São Paulo seguem a busca por um patrocinador principal para os seus uniformes. O Timão ainda tem até o final do mês para continuar com a Hypermarcas como parceira, mas depois disso ainda não há certeza de que o futuro será tão belo quanto é há pelo menos três anos.
A dificuldade que o trio encontra é uma boa mostra de que, à força, o mercado de patrocínio no esporte brasileiro começa a se autorregular. Mais ou menos como aconteceu nos últimos anos com os fornecedores de material esportivo, o posicionamento das marcas fica aos poucos mais nítido e, mais importante, muito mais criterioso e pré-selecionado.
Esse talvez já seja o primeiro grande reflexo da realização dos grandes eventos no país. A margem de erro de um patrocinador ficou menor, especialmente por conta da valorização das propriedades dentro do esporte. É só pensar que, há cinco anos, o maior patrocínio de camisa do futebol brasileiro beirava os R$ 15 milhões.
O novo cenário, porém, não representa uma abundância no mercado esportivo. Pelo contrário. Hoje é muito mais difícil conseguir emplacar um projeto de patrocínio. E isso é muito bom!
As empresas já não “aceitam” mais qualquer tipo de proposta. Se aumentou o número de “sim” que escutamos a projetos ligados ao esporte, proporcionalmente cresceu o grau de qualificação das empresas na hora de analisar essas ideias.
Não é mais só a exposição que conta (aleluia!!!!), da mesma forma que os objetivos começam a vir a frente da oportunidade. Ou seja, as empresas começam a pensar antes de agir. Um reflexo claro disso é a dificuldade de os três times de maior torcida do país conseguirem um patrocinador para a camisa. Claro que o alto valor de mercado também influencia, mas agora os clubes também precisam saber vender melhor o seu produto. O comprador é mais exigente.
Sinal dos tempos. E de que ainda vai mudar bastante a cara do mercado de patrocínio no Brasil. O futebol continuará a ser espaço para poucas e grandes empresas, mas essa é a chance de as demais modalidades, com projetos consistentes, seduzirem aquelas marcas que não conseguirão ganhar o topo. O próprio mercado se autorregula.