O saibro azul e a inovação no esporte
Erich Beting
Há quatro meses falei aqui do risco que havia quando uma empresa decidia inovar no esporte. O caso, naquela época, era sobre uma prova de corrida de rua que tinha mudado o formato dos copos d'água entregues aos corredores para atender aos desejos do patrocinador.
Eis que agora o famoso saibro azul do Mutua Madrid Open de tênis causa uma tremenda discussão sobre a inovação feita pelos organizadores. O piso foi mudado seguindo uma lógica de que Madri quer sempre ser marcado por ser o torneio das inovações no tênis. Já tinha sido assim, com sucesso, na seleção de modelos para serem pegadoras de bola.
A escolha da cor azul, dizem, foi para agradar ao patrocinador principal da competição, a empresa de seguros Mutua Madrileña. Mas a inovação saiu pela culatra. A ideia é boa na origem. Melhora-se a visão que existe da bolinha na quadra, amplia-se o debate sobre o torneio e tudo o mais.
Só que a crítica pesada dos gigantes Nadal, Djokovic e Federer tem colocado por terra o plano de a inovação ter dado certo. E o motivo é exatamente pelo fato de a mudança modificar substancialmente a relação do atleta com o evento, tal qual quando critiquei a alteração na corrida de rua no começo de ano.
Como espectador e crítico de marketing esportivo, adorei a escolha do saibro azul. Ele quebra a rotina, sai do tradicional, causa barulho em torno do evento. Mas é preciso respeitar, e muito, a opinião do atleta, parte essencial do esporte. E, aí, mais uma vez a inovação paga o seu preço mais caro, que é não cair no gosto popular.