Negócios do Esporte

Quem não ativa, se estrumbica…

Erich Beting

Na manhã desta segunda-feira a Ambev foi anunciada como nova parceira comercial de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo. O acordo, válido para a marca de cerveja Brahma, põe um fim à relação que existia anteriormente com a Kaiser. O novo negócio não envolve um centavo a mais de dinheiro para os clubes paulistas. Mas então o que motivou a alteração de fornecedor?

Para o G4, entidade que negocia em conjunto alguns acordos comerciais dos quatro clubes, o maior motivo para a mudança foi o tratamento dado pela Kaiser ao acordo. Feito ainda quando a Femsa era quem controlava Coca-Cola e Kaiser, o contrato é o mais rentável já feito pela instituição. Poucos meses depois de ele ter sido assinado, a Ambev começou uma relação com Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, os quatro times de maior torcida do Rio de Janeiro.

No Rio, o tratamento dado pela marca de cervejas cresceu aos olhos dos demais clubes. Por meio da Brahma, reformas foram feitas na estrutura dos clubes, investimentos em melhoria na gestão começam a ser realizados e mais uma série de outras ações menores, que reforçam a ligação dos times com a Brahma. Em resumo, o que a empresa fez foi, o tempo todo, pensar em ações de ativação da parceria com os clubes (a mesma coisa é feita em outros times de outras cidades). E isso fez toda a diferença para causar uma ''ciumeira'' com as equipes paulistas.

Como resultado, os clubes decidiram romper um contrato existente para buscar um parceiro que entregasse o mesmo montante em dinheiro, mas muito mais em ações que trouxessem o torcedor para perto da marca.

Essa mudança pode representar o começo de uma nova era na relação entre entidades esportivas e marcas que investem no esporte. Cada vez mais as empresas percebem que não podem ficar paradas se quiserem provocar barulho na relação com o torcedor. E, aos poucos, o esporte vê que um parceiro bom não é, necessariamente, aquele que paga o maior montante em dinheiro.

Quem não ativa, se estrumbica. Felizmente começamos a exigir isso não apenas de uma parte da cadeia de negócios do esporte.