Negócios do Esporte

A bola é o melhor marketing de Ronaldinho

Erich Beting

Ronaldinho foi bem em seu primeiro dia no Atlético Mineiro. Em vez de churrascaria para assinar contrato e apresentação apoteótica na sede do clube, o jogador foi apresentado dentro de campo, treinando no CT do Galo. E é essa que tem de ser a atitude de Ronaldinho nos próximos meses se quiser voltar a ser ''o cara''.

O único lampejo de Gaúcho pelos gramados brasileiros foi no épico 5×4 contra o Santos, em 27 de julho do ano passado. Naquela partida, claramente, ele quis dar um recado a Neymar de que seria preciso muito trabalho para bater o talento de Ronaldinho. Mas as coisas foram se perdendo ao longo do caminho, pelas promessas não cumpridas e pelas tentações da vida badalada que o astro levou nos últimos meses.

Muita gente pergunta se o ''plano Ronaldinho'' poderá dar certo no Atlético, depois do fracasso flamenguista. Uma coisa é certa. O Flamengo, assim como havia errado em outras vezes, procurou primeiro contratar para depois se preocupar em pagar a conta. Agora, o Galo parece estar com os dois pés no chão, principalmente porque Ronaldinho percebeu que a banda não toca mais a sua música, mas sim o Tchu e o Tchá de Neymar.

Hoje, o melhor marketing para Ronaldinho é a bola nos pés. Só jogando, e bem, ele poderá exigir melhor salário, buscar contratos publicitários ou voltar a encher de alegria os olhos dos torcedores. Essa, aliás, deveria ser a prioridade número zero do jogador em sua lista. Ou ele passa a jogar para a torcida, no sentido correto da expressão, ou então passará a ser um nômade da bola, criando relações de paixão passageira com as camisas que irá defender.

Como sempre foi em sua carreira, Ronaldinho conseguiu polpudos contratos quando, dentro de campo, demonstrou ser o melhor do mundo. Hoje, o nível de exigência é menor. Se ele foi capaz de levar o Barcelona à conquista da Europa, porque não imaginar ser possível levar o Galo ao trunfo no Brasil, conquista que há 40 anos fez do Atlético uma potência nacional e que até hoje é a única vitória expressiva do clube?

A bola é o melhor produto de marketing de Ronaldinho. É só ele entender que a festa é para ser deixada para dezembro.