O real impacto de Seedorf no mercado
Erich Beting
A contratação de Clarence Seedorf pelo Botafogo é um grande golpe de marketing do clube alvinegro. A frase tem sido repetida à exaustão pela mídia em geral para tentar resumir o que representa a chegada do holandês ao clube alvinegro. Mas o que realmente representa a presença de uma figura como Seedorf no mercado esportivo brasileiro?
Depois do estrondoso sucesso da dobradinha Ronaldo-Corinthians, costumamos confundir a contratação de um jogador estrelado por um clube com uma operação semelhante à do Timão em 2008/2009. Foi assim com Robinho e Santos, Ronaldinho e Flamengo ou Luís Fabiano e São Paulo.
Mas por que o negócio não deu tão certo como o que cercou o Corinthians? Com certeza, em nenhum dos casos, tivemos uma junção de duas importantes características: o carisma de um atleta realmente de alcance nacional e a oportunidade de um clube que representa uma grande parte dos torcedores no país.
É por isso também que Seedorf não pode ser explorado como um produto comercial como foi Ronaldo, mas como um ponto de união do torcedor do Botafogo com o seu clube. Ou mais um ponto de união. Afinal, a diretoria de marketing do Fogão é uma das que mais tem se empenhado em aproximar o fã da agremiação. Todo dia 7, por exemplo, é feita uma ''surpresa'' para o torcedor, com o lançamento de alguma ação que o deixe mais próximo e feliz com a sua paixão.
No próximo 7 de julho (ou 7/7), a promessa é a apresentação da talvez mais estrelar contratação do Fogão em muitos anos. Seedorf coloca o Botafogo no Jornal Nacional, no noticiário internacional, na mídia em todo o Brasil. Mas seu impacto não é revertido, diretamente, em novos patrocínios ou em ações mirabolantes para o clube aumentar rapidamente a receita.
Seedorf chega para ser uma contratação que tem, como primeira motivação, a parte técnica. É um jogador de alta classe que, embora em idade mais avançada, continua a jogar bem, como mostrou na última edição da Liga dos Campeões da Uefa. E o pano de fundo dessa transação é o negócio que ela representa.
Com Seedorf, o botafoguense tem um motivo para sonhar, para acreditar mais em sua equipe e, assim, no médio prazo, começar a consumir mais o seu clube. Vendas de ingressos, camisas e produtos do Botafogo devem aumentar no curto prazo. Conforme o rendimento do time melhorar, no médio e longo prazo isso pode ser convertido em mais negócios para o Glorioso.
Hoje, o real impacto de Seedorf no mercado é técnico e, um pouco, no ego botafoguense. Se for bem trabalhado pela diretoria de marketing do clube, o jogador holandês pode potencializar ainda mais a marca Botafogo, mais ou menos como Loco Abreu fez nos últimos anos. E, só aí, poderemos dizer que é possível criar um programa de aumento da receita com patrocínios pelo alvinegro.
Vale lembrar que Ronaldo e Corinthians demoraram quase meio ano para começarem a gerar receita com patrocínio, num projeto que envolvia também a cessão da imagem do jogador para os investidores. Não fosse isso, também, o plano seria muito mais lento.