A emboscada permite mais engajamento com o público
Erich Beting
Ser patrocinador oficial é legal e garante diversas propriedades para uma empresa. Mas será que o investimento que é feito apenas para ter o direito de ser um patrocinador de um grande evento vale realmente o quanto se paga por ele?
Os principais patrocinadores do Comitê Olímpico Internacional aportam cerca de US$ 300 milhões por ciclo olímpico só para poderem associar suas marcas ao valiosíssimo aro olímpico. Isso lhes garante muita coisa, inclusive trancar o seu segmento de atuação para outras marcas.
Só que a vida de quem é patrocinador oficial também é dura. Qualquer ação que ele queira fazer passa, invariavelmente pelo crivo do organizador do evento. E, caso não conte com a bênção de um COI ou de uma Fifa, esse patrocinador perde a chance de fazer algo que teria um ótimo poder de sedução para o consumidor mas que fere os interesses do dono da brincadeira.
E talvez esse seja o grande aprendizado tirado aqui de Londres por algumas empresas. Afinal, os projetos ''oficiais'' pouco têm, de fato, de algo que seja proibido de fazer se a empresa não fosse patrocinadora dos Jogos. A P&G valorizou a mãe dos atletas; a Visa tem Usain Bolt como garoto-propaganda; o Lloyds Bank investe em projetos para formação de atletas pela Inglaterra… E por aí vai.
No fim das contas, a maior diferença para o patrocinador é poder estar presente dentro das arenas para fazer uma comunicação direta com o público que visita o Parque Olímpico. Para quem vende produtos, obviamente o resultado é melhor, já que a empresa é a única autorizada a fazer a venda direta para o consumidor.
Só que quem não é oficial dos Jogos tem a chance de expor seu conceito na mídia, nas áreas públicas de convívio das pessoas e com uma linguagem que não pode envolver apenas as nomenclaturas oficiais do evento. Com o mínimo de criatividade um trabalho espetacular e marcante pode ser feito.
''Quando pensamos em alguém com 14 a 20 anos de idade, quando você não é um patrocinador oficial, pode fazer coisas mais audaciosas que acabam motivando mais esse jovem''. A frase é de Simon Cartwright, vice-presidente da Adidas (patrocinadora oficial das Olimpíadas de 2012) e responsável pela elaboração do projeto da marca para Londres.
Geralmente, as empresas patrocinadoras oficias de um evento têm como motivo da comunicação a competição em si, pelo qual ela desembolsa milhões. As marcas que ficam à margem disso buscam o consumidor para se comunicar, tendo como mensagem subliminar o evento que todo mundo sabe que está acontecendo. E isso, no final, pode gerar um maior engajamento do público com aquela empresa.
Para quem quiser conferir um pouco mais do bate-papo com Simon Cartwright é só clicar aqui.
* O blogueiro viaja a convite da Adidas