O Brasil ainda domina a Europa. Mas não reina
Erich Beting
Nesta semana foi divulgado mais um estudo da CIES, entidade ligada à Federação Internacional de Atletas Profissionais (PFPO), sobre a distribuição demográfica dos jogadores espalhados pelo futebol da Europa.
Mais uma vez, o Brasil é disparado o país que mais atletas tem em atuação no Velho Continente. São 528 jogadores brasileiros em atuação nos 500 times analisados pelo CIES. A França segue como segundo país em número de atletas profissionais em atuação na Europa: 247 jogadores. Em terceiro lugar do ranking está a grande surpresa, com a Sérvia (228 atletas) ultrapassando a Argentina (211 profissionais), a quarta colocada na lista.
Tem duas formas de analisarmos o ranking da CIES, que no ano passado contava com 39 brasileiros a mais em atuação na Europa. A visão otimista dá conta de que os atletas preferem continuar mais tempo no Brasil ou estão voltando por conta da economia fortalecida em detrimento da crise europeia. Isso é um fato, como pode comprovar o fato de Neymar continuar por aqui.
Mas também, ao analisarmos os números com mais calma, a versão de copo ''meio vazio'' para a história parece ter mais sentido. Temos menos jogadores em atuação na Europa e, também, menos protagonistas nos grandes times. Há uma década, não apenas tínhamos muitos brasileiros em atuação nas grandes ligas como eles eram os principais astros das equipes. Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho, Roberto Carlos, Cafu, Juninho, Kaká e mais um punhado de jogadores de primeira grandeza eram os reis da Europa.
O estudo da CIES também mostra um dado alarmante para o futebol como negócio. A crise econômica que assola Espanha e Itália já começa a refletir na qualidade dos atletas em atuação nesses países. Líderes da economia e da bola, Alemanha e Inglaterra são os países com o maior número de jogadores em seleções nacionais. O terceiro lugar, agora, é ocupado pela Rússia, que desbancou França, Itália e Espanha com atletas que, em 2011, jogaram por seleções.
O Brasil ainda deverá continuar dominante na Europa, mas sem dúvida que estará longe de reinar no Velho Continente. Com a economia por aqui mais forte e ainda a realização de Copa do Mundo daqui a dois anos, a tendência também é que, com o passar do tempo, teremos menos brasileiros pela Europa e mais atletas de outras nacionalidades por aqui.
O andamento da economia é determinante para balizar esse comportamento. E isso que os clubes brasileiros não se organizaram minimamente para conseguir, de fato, rivalizar com ingleses e alemães pela liga de futebol mais forte do mundo. A hora para que isso pudesse ser feito era agora. O problema é que o dinheiro que existe no futebol nacional não é condizente com a falta de preparo de quem tem de gerenciá-lo.