Negócios do Esporte

Diretas já! E agora?

Erich Beting

Um dia histórico para o Palmeiras! Essa frase foi, mais ou menos, a grande manchete em todos os relatos sobre a decisão do conselho palmeirense de optar pela permissão a todos os sócios de votar na escolha do presidente do clube a partir de 2014. O movimento de ''Diretas Já'' no clube causou, como sempre, desconforto aos que temem a democratização de qualquer processo eleitoral, mas no fim das contas prevaleceu o óbvio, que é a cada vez mais crescente ''democracia'' dentro dos clubes de futebol no país.

Foi assim com o Corinthians após a entrada de Andrés Sanchez, no Vasco com a entrada de Roberto Dinamite e outros exemplos. É assim, aliás, que deve ser o processo eleitoral daqui para a frente na maioria dos clubes, não por imposição de lei, mas pelo fato de que até mesmo os conselheiros (!!!!) perceberam que é preciso dar voz a mais gente dentro do clube.

Mas é bom o torcedor palmeirense não soltar os rojões agora. Afinal, a abertura do voto para todos os associados (a estimativa é de que em vez de 300 conselheiros, agora 8 mil pessoas escolherão o novo mandatário do clube) não significa também que qualquer sócio poderá se candidatar para a vaga de presidente. Para isso, é preciso ser conselheiro há dois mandatos (quatro anos) e ainda ter 10% de votos dentro do próprio conselho para poder lançar-se candidato a presidente.

E aí é que reside, hoje, o grande problema do clube. Como já ficou provado desde o início da década, não há hoje no Palmeiras um grupo de conselheiro que mostre capacidade em gerenciar. Talvez nenhum outro clube de futebol no país tenha tantas facções políticas distintas e todas elas tenham chegado ao poder como foram nos últimos 15 anos. E, em todos os casos, os diferentes presidentes cometeram diferentes erros gerenciais que deixaram o clube em situação extremamente delicada (e aqui me refiro estritamente ao ponto de vista financeiro e gerencial no curto e no médio prazo).

As eleições diretas sinalizam apenas um ambiente mais justo de escolha de um presidente de clube. Essa notícia realmente é boa. Mas ela não tira daqueles mesmos 300 conselheiros de hoje o poder de ser o candidato. E aí é que aparentemente pouca coisa vai mudar dentro do clube. Pelo menos por mais quatro anos a partir de 2014. Quem sabe com novos conselheiros, novas ideias e novas atitudes o Palmeiras possa, de fato, deixar de ser gerenciado como uma grande pizzaria italiana…