Negócios do Esporte

O exemplo Gerdau para o esporte

Erich Beting

Um dos mais interessantes acontecimentos do governo Dilma Rousseff é a presença de Jorge Gerdau no dia-a-dia da gestão pública. O megaempresário foi convocado pela presidente da República para desburocratizar a política e tornar eficiente as gestões de ministérios e demais esferas públicas ligadas ao governo federal.

Basicamente a função de Gerdau é criar planejamento estratégico e eficiência na execução para o governo. A visão da presidente é simplesmente espetacular, após meio milênio de desobediência na gestão pública no país. E o exemplo pode ser levado diretamente para o esporte.

O caso mais emblemático disso talvez tenha sido a gestão de Luiz Gonzaga Belluzzo no Palmeiras. Economista renomado, Belluzzo foi uma grande decepção para o torcedor palmeirense. Exatamente por falhas no gerenciamento, provocadas, e muito, pela burocracia política e pela paixão que interferiu na racionalidade da gestão.

O esporte movimenta a paixão de grandes executivos e profissionais renomados do mercado. O interesse dessas pessoas pelo tema poderia fazer com que os clubes adotassem a mesma tática de Dilma Rousseff e colocasse grandes figuras do mercado como conselheiros na gestão do dia-a-dia das entidades.

O grande problema é que, por mais incrível que possa parecer, muitas vezes o executivo de sucesso tem, no esporte, a sua válvula de escape. E, com isso, a visão empresarial é deixada de lado na maior parte dos casos. Taí Belluzzo para provar a tese. O grande negócio para o gestor no esporte é fazer com que a razão consiga sobrepor-se à emoção. E aí está o grande entrave para que o exemplo de Gerdau possa pegar.

Mas para quem quiser se diferenciar no mercado nos próximos anos, o caminho para o sucesso é pensar em como desburocratizar um clube e, mais do que isso, tornar o planejamento estratégico um mantra dentro da instituição. E, claro, ter força política para fazer essas mudanças. Exatamente como acontece agora no governo federal.