Todo patrocínio tem o seu fim
Erich Beting
Nos últimos dias o noticiário de patrocínio esportivo esteve agitado. Algo natural, diga-se de passagem, já que nesta época é que começam a tomar corpo as decisões das empresas sobre o uso da verba no ano que vem. Isso geralmente acarreta na saída e entrada de marcas do esporte.
As duas notícias mais relevantes, talvez, sejam a decisão do banco Santander de não mais dar nome à Copa Libertadores e, também, a de a TAM deixar de ser a patrocinadora da seleção brasileira de futebol.
O caso do Santander é absolutamente justificável. O banco não precisava mais do naming right da Libertadores. Em 2008, quando começou o aporte ao torneio, a instituição precisava se apropriar do evento como parte da estratégia de entrada maciça no mercado sul-americano. Com o “bônus” de também fazer relacionamento no México, era natural que o banco espanhol usasse a Libertadores para alavancar sua presença na América Latina.
Agora a estratégia não precisa de tanta agressividade. Por isso o banco decidiu manter o aporte à Libertadores, mas num valor mais baixo. Com isso, “trava” a concorrência (no Brasil inflacionado pelos megaeventos, Itaú e Bradesco se apropriaram das principais competições) e mantém uma relevância significativa no continente. Foi mais ou menos isso que fez a Toyota ao perder o naming right para os espanhóis, lá em setembro de 2007.
Já o caso da TAM é emblemático. A justificativa da empresa para o “não” à manutenção do acordo com a CBF passa pelas mudanças no mercado de aviação. Parceira mais antiga depois de Nike e Ambev, a empresa deixa a seleção brasileira no momento em que ela talvez vá dá maior retorno para a marca.
O novo comando da CBF certamente tem forçado a renegociação de valores de alguns contratos. O da TAM era bastante interessante para a entidade, mas é bem possível que outra companhia, em busca de aumento de espaço no mercado brasileiro, esteja pronta para assumir o comando. Interessante, porém, perceber que para a TAM, líder do mercado, não haja problema deixar para um concorrente a chance de se apropriar da seleção exatamente nos dois anos em que as principais competições da Fifa chegam ao país.
Os dois casos, de formas distintas, mostram aquilo que o esporte teima em dificilmente aceitar. Patrocínio está longe de ser caridade, ainda mais quando envolve cifras milionárias. Sendo assim, chega um dia que o casamento chega ao fim.