Negócios do Esporte

O chute do Chelsea na concorrência brasileira

Erich Beting

''A um chute do Japão'' é o mote de uma campanha para levar um torcedor brasileiro para a terra do sol nascente acompanhar o Mundial de Clubes da Fifa, agora em dezembro. Não, torcedor corintiano, você não viu nada disso sendo direcionado a você!

A campanha de incentivo, aqui no Brasil, é direcionada ao torcedor do Chelsea (ou ao anticorintiano, claro), e visa levar um brasileiro para acompanhar o time inglês e o jogador Oscar no Mundial. O projeto, inteiro capitaneado pela Adidas aqui do Brasil, procura aproximar a marca e o clube do consumidor brasileiro. E dá um chute na concorrência brasileira.

Os torcedores que se cadastrarem na promoção (o link e a dinâmica do evento estão disponíveis aqui) terão seus dados compartilhados pela Adidas com o clube inglês. Mais ainda, ao aceitar em ter os dados divulgados para o Chelsea, você aceita receber informações e promoções dos parceiros comerciais do clube.

Há seis anos, a mesma Adidas criou uma promoção para o torcedor escolher a terceira camisa do Palmeiras, a exemplo do que havia feito, no início dos anos 2000, com o torcedor do Fluminense. Nas duas ocasiões, os clubes nada fizeram com os milhares de torcedores que se cadastraram e preencheram com seus dados as informações solicitadas. Eu, até hoje, recebo as promoções da Adidas por ter participado das duas enquetes.

Com a internet e as promoções feitas para o torcedor, o potencial que existe para que os clubes tenham um excelente banco de dados com perfil de seu consumidor é tremendo. O Chelsea, ao permitir à Adidas fazer a promoção com o torcedor brasileiro, ganha em troca um grande aliado para projetos de expansão da marca ao mercado tupiniquim. Por aqui, ainda achamos que, para um clube ganhar fama no exterior, basta ele vencer competições lá fora.

O Chelsea dá um bico na concorrência e, cada vez mais, mostra que ainda teremos de trabalhar muito para ver a marca dos clubes brasileiros ganharem espaço no exterior. O problema é que, como o tempo passa cada dia mais rápido, é cada vez mais remota a chance de os times daqui vencerem os gigantes europeus que, depois de ganharem a Ásia, partem com força para os Estados Unidos. E, pior ainda, com ações simples como essa do Chelsea, ganham até mesmo um mercado já estabelecido para clubes de futebol como o da América do Sul.