O futebol não precisa de profissionalização
Erich Beting
A frase do título é dura, ainda mais para quem tem vontade de não apenas trabalhar, mas também de mudar os rumos do esporte. Mas, a cada dia que passa, fica claro que o futebol não precisa da tal profissionalização. Pelo menos não de uma profissionalização plena para conseguir gerar mais receita.
Na manhã desta quarta-feira, na sede da Federação Paulista de Futebol, foi apresentado o projeto de patrocínio da Chevrolet a 20 campeonatos estaduais pelo país, além dos aportes que a montadora já faz no futsal e no futebol da areia (leia detalhes aqui). O evento, capitaneado pela dupla José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, foi marcado pelas gafes e pela certeza de que muito pouco irá mudar na cúpula que gerencia o futebol, seja ela a CBF, a FPF ou qualquer outra federação e clube do país.
O ponto alto do evento foi o momento em que Delfim Pádua Peixoto Filho, presidente da Federação Catarinense e levado ao palanque para discursar por Reinaldo Carneiro Bastos, eterno vice-presidente da FPF, intimou a Chevrolet a dar um carro para as federações já que o veículo ficará exposto nos estádios durante os jogos.
A declaração, que arrancou risos dos presentes e principalmente de executivos da Chevrolet, reforça a total falta de preparo dos dirigentes esportivos que estão na alta gerência e, também, a pouca importância que isso tem na geração de negócios para o futebol. Para a empresa, esse tipo de ''sapo'' que é preciso engolir na relação com as entidades patrocinadas é perfeitamente aceitável, desde que ela tenha o benefício da comunicação com o público ao patrocinar o esporte.
O problema é mundial. A força que o futebol tem de mobilização e engajamento das pessoas faz com que quem trabalha com ele precise ser, antes de tudo, político. Isso leva a uma semi-profissionalização da cadeia empregatícia do esporte.
A lógica é simples: as marcas vão investir nas propriedades disponíveis apesar dos dirigentes, e não por causa deles.