Um Palmeiras mais nobre
Erich Beting
Recebi a mensagem de um amigo palmeirense na madrugada de hoje. ''Pelo menos agora teremos um Palmeiras mais nobre''. A brincadeira fazia relação direta com a eleição de Paulo Nobre como novo presidente do clube. Após quase 60 dias da queda do Palmeiras à Série B, finalmente o clube começa a se mexer, com o atraso peculiar que as eleições no fim do mês de janeiro pode proporcionar.
E acabei de ouvir agora a primeira entrevista de Nobre como novo presidente do clube. Nas respostas, parece que, realmente, o Palmeiras terá um futuro mais nobre. Com toda a pressão da mídia para saber quem será contratado para reforçar o time, Nobre mostrou que não está propenso a cometer os erros que destruíram a saúde financeira do clube nos últimos cinco anos. A ordem parece ser, primeiro, organizar a casa. Depois, pensar de que forma pode ser reforçado o time para ter um futuro melhor.
A pressão que a mídia exerce sobre o dirigente é a mesma que o torcedor quer na discussão com os amigos. Um time forte, independentemente do custo. A missão de quem está na gestão do clube é exatamente a oposta. Tentar construir uma equipe vencedora a partir de uma equação financeira sustentável. Sem isso, o futuro passa a ser sombrio.
E o melhor exemplo vem da resposta dada sobre a contratação de Riquelme.
''O presidente gostaria de ter o Riquelme caso ele possa ser útil para o Palmeiras. Sem paixão, sem emoção, uma coisa bem fria'', disse Nobre.
Pelo menos no discurso, parece que, com atraso em relação a outros clubes, o Palmeiras vai começar a colocar em ordem a casa. Resta saber se haverá clima político para que as mudanças sejam feitas. Se não houver, o clube ficará perdido na história de campeão do século. Realmente do século passado.