O começo do fim dos Estaduais
Erich Beting
Ainda é cedo para comparar, mas as audiências de TV deste início de ano no futebol brasileiro mostram que os Estaduais estão começando, de fato, a deixar de ser interessantes. Não só para os atletas e para a mídia, mas especialmente para o torcedor. Neste último fim de semana, em pleno sábado de Carnaval, o jogo Guarani x São Paulo estacionou em 9 pontos na medição do Ibope (leia aqui).
O número é impressionante, ainda mais quando comparado à audiência média da TV nas transmissões de final de semana. Geralmente o Carnaval é péssimo para o Ibope, mas desde que começamos, há cerca de quatro anos, a fazer o levantamento de audiência na Máquina do Esporte, não me recordo de um evento na Globo ter ficado abaixo dos 10 pontos.
Mais ainda vale a comparação quando nos deparamos com o índice de Atlético-MG x São Paulo na Globo nesta quarta-feira. Normalmente a audiência sempre é maior no meio de semana, mas a importância do clássico brasileiro fez com que o torcedor ligasse a TV para registrar o melhor resultado do horário neste ano dentro das transmissões.
Os resultados na TV, cada vez mais, mostram que a fórmula dos Estaduais está saturada. Especificamente em São Paulo, em que os clubes fazem 19 partidas preliminares para se classificarem oito times para a fase decisiva, o torcedor já mostra nos índices de audiência que não há interesse pelo produto. Para os jogadores, especialmente os dos clubes maiores, o desinteresse em entrar em campo é visível.
É cada vez questão de menos tempo para os Estaduais terem de repensar sua existência. Até porque a própria desculpa de que o dinheiro que a TV investe é importante para os grandes clubes tem caído por terra rapidamente. Hoje, os R$ 10 milhões que os quatro clubes grandes de São Paulo recebem por quatro meses de Estadual seriam perfeitamente compensados por amistosos, seja no exterior, seja no próprio Brasil.