Negócios do Esporte

Como denegrir o seu próprio produto

Erich Beting

Muita gente considera que, pelo andar da carruagem, em breve a América do Sul conseguirá produzir uma Copa Libertadores que consiga ter porte similar ao de grandes competições da Europa. Alguns fatores contribuem para isso. O Brasil deve puxar a fila de investimentos em novos estádios, a economia latino-americana segue em melhor fase que a européia, os jogadores por aqui ficam por mais tempo do que anteriormente, os patrocinadores estão em profusão nos eventos.

Falta, porém, o grande salto para isso, que é acabar com a extrema dependência que a Conmebol tem da televisão.

Nesta quarta-feira, a semifinal da Libertadores não terá transmissão para boa parte do país. Mais uma vez, o contrato frouxo com a TV permite que outra competição seja exibida no mesmo horário pela Globo, detentora dos direitos de transmissão.

Só que, dessa vez, o absurdo é ainda maior. No lugar de um evento da Conmebol será transmitido… Outro evento da Conmebol!!!!

Sim, a própria entidade canibaliza dois eventos dela. Como fazer para justificar uma atitude dessas para os patrocinadores de um ou de outro campeonato? A TV é quem manda no negócio ou é a entidade? Por que a Globo é obrigada a transmitir as semifinais e finais da Liga dos Campeões da Europa e não precisa dar o mesmo tratamento quando o evento tem jogadores brasileiros em campo?

Para o desenvolvimento do futebol na América do Sul, é urgente passar a respeitar o princípio básico de todo grande evento esportivo. Não há nada maior do que a competição. Patrocinadores e televisão precisam entender e valorizar isso.

Mas, na Conmebol, a lógica parece ainda ser inversa. E a cada ano que passa a entidade dá uma nova aula de como denegrir o seu próprio produto.