NBA negocia com TV aberta para ganhar o Brasil
Erich Beting
O Gigante acordou. A expressão que foi apropriada por boa parte das pessoas durante os protestos do início de junho no Brasil serve também para explicar o novo momento da NBA, a liga de basquete americana, com relação ao mercado brasileiro.
A NBA finalmente olha o Brasil com um potencial de geração de receitas. E a prova disso vai além da realização de uma partida de pré-temporada da liga no país, no próximo dia 12 de outubro, no Rio de Janeiro.
Em entrevista ao blog, Arnon de Mello, gerente geral da NBA no Brasil, confirmou que está negociando com emissoras de TV aberta para que alguns jogos da NBA voltem a ser exibidos para todo o país. A negociação faz parte de uma estratégia que inclui a realização cada vez mais frequente de eventos de basquete no Brasil e, também, a busca pelo aumento da base de fãs do basquete no país.
''Esse é um dos nossos grandes desafios no Brasil, que é aumentar a distribuição e fazer com que as pessoas que não eram fãs ardorosos do basquete da NBA possam de vez em quando se esbarrar com a programação da NBA na televisão. Acho que isso é muito importante, porque é assim que a gente vai crescer'', disse.
No último final de semana, o Parque de Madureira, no Rio de Janeiro, recebeu um torneio de 3×3. O foco principal das ações foi o jovem. Com várias disputas e promoções, a NBA conseguiu se aproximar, ali, de cerca de 20 mil pessoas num final de semana. Os torcedores foram ''imersos'' em diversas brincadeiras e vivenciaram a marca NBA como nunca aconteceu com qualquer outro evento de basquete no país.
Se conseguir colocar alguns jogos na TV aberta, a liga americana aumenta a popularidade. Mas o próprio Arnon diz que há um outro bom caminho para popularizar ainda mais o basquete dos EUA por aqui.
''O digital é o grande negócio nosso no momento. O League Pass (pacote com a transmissão de jogos pelo site da NBA) no Brasil é o quinto mais vendido no mundo. E a gente acredita muito que isso vá crescer ainda mais. Então queremos colocar transmissão ao vivo de alguns jogos de graça pela internet, pela TV a cabo e pela TV aberta'', afirmou Arnon.
Com um modelo claro de negócios, pautado pela busca incessante do consumidor, a NBA poderá fazer com que o Brasil tenha sérias dificuldades em produzir pessoas interessadas em acompanhar e consumir o basquete nacional. Apesar de a liga dizer que vê nos times daqui grandes aliados para crescer também no país, o choque de cultura que existe na promoção do esporte é grande demais para isso.
O basquete no Brasil que se prepare, porque o gigante resolveu olhar para cá.