O que a Allianz deve pensar da briga entre Palmeiras e WTorre?
Erich Beting
A disputa entre Palmeiras e WTorre começa a ganhar ares de tragicomédia italiana. Aquela mesma que ajudou bastante o Palmeiras a cair para a Série B pela segunda vez e que, parece, não consegue nunca deixar de dar uma passadinha pelo clube. O contrato que pode estar mal redigido, as pressões ocultas dos dois lados, os interesses que quase nunca são aqueles que estampam as manchetes jornalísticas.
Vários são os fatores ocultos nessa queda de braço. Pode ser que o Palmeiras tenha percebido, com as novas arenas já em funcionamento, que ganharia mais se tivesse direito a 100% de parte dos ingressos. Pode ser também que a WTorre tenha mudado de opinião pelo mesmo motivo, e decidiu reler o contrato e mudar a história.
O fim dessa discussão só na Justiça ou, então, publicando-se o contrato assinado entre as partes, numa não-necessária transparência de Palmeiras e WTorre nessa história.
O que mais me intriga, porém, é saber o que se passa na cabeça dos executivos da Allianz.
Uma empresa de seguros, com sede na Alemanha, que assinou contrato de 20 anos com a WTorre para dar nome ao Allianz Parque. Para quem trabalha com análise de risco, de todas as variáveis que foram analisadas, sem dúvida não haveria uma que preveria uma rota de colisão entre Palmeiras e WTorre nos meses finais de negociação do estádio.
É bem possível que a Allianz já tenha, nos bastidores, pressionado a construtora, que é quem vendeu o patrocínio, para que seja tomada uma decisão.
O que mais me impressiona é que, nessa briga entre Palmeiras e WTorre, ambos esquecem que já existe um cliente da arena antes mesmo de ela estar em pé. E que ele desembolsará R$ 15 milhões por ano no espaço por, pelo menos, 20 anos. Não seria prudente conversar com o patrocinador para não correr o risco de também perder esse negócio?
O futebol brasileiro já é um ambiente absolutamente imprevisível para as empresas investirem, tanto que é cada vez mais raro achar patrocinadores que invistam altas quantias. Os novos estádios, que precisam necessariamente ter lucro, pareciam para o mercado um investimento mais seguro, tanto que três arenas já conseguiram acordos de naming right.
O estrago que essa briga entre Palmeiras e WTorre pode gerar é muito maior do que se imagina para o futuro do futebol no Brasil.