Negócios do Esporte

Dakar quer largar no Brasil para “ganhar” o país

Erich Beting

Mais tradicional rali do mundo, o Dakar traçou uma nova estratégia para tentar ganhar o mercado brasileiro. Nas últimas semanas, Etienne Lavigne, diretor da prova, esteve no país negociando com os governos do Rio Grande do Sul e Paraná. A informação, publicada nesta sexta-feira pela revista ''Motociclismo'', revela parte do projeto da Amaury Sports Organisation (ASO), a empresa responsável pela organização do Dakar.

Desde que deixou o tradicional percurso Paris-Dacar, a ASO trouxe para a América do Sul o rali. No início de 2014, ele passa por Argentina, Bolívia e Chile. A ideia da empresa francesa é fazer com que, em 2015, a largada ocorra no Brasil. Porto Alegre, Foz do Iguaçu e Curitiba são as pretendentes, pela proximidade com os países que recebem o restante do circuito off road. Com isso, a expectativa é atrair o interesse das empresas do país pelo Dacar.

À ''Motociclismo'', Lavigne afirmou que ''o Brasil está em evidência'', já que em 2014 organiza a Copa do Mundo e, em 2016, os Jogos Olímpicos. A ideia é fazer com que o Dakar se insira entre os dois megaeventos. A favor da ASO estão os números relativos ao rali. No último ano, quase US$ 500 milhões de impacto nos três países em que foi organizado (Argentina, Chile e Peru). A audiência mundial foi estimada em 1 bilhão de pessoas, enquanto o público que compareceu aos espaços em que o rali aconteceu foi de 4,6 milhões de pessoas.

A passagem do Dakar pelo Brasil também pode ajudar a ASO a alavancar a receita com patrocínio e inscrição de equipes. A meta é atrair empresas nacionais ou multinacionais que têm no país boa parte de seus lucros. Petrobras, Shell e Pirelli são algumas das marcas que enchem os olhos dos organizadores do rali.

Essa aproximação do mercado brasileiro envolveu até mesmo a estratégia de divulgação do Dakar. Pela primeira vez a edição de 2014 tem material de divulgação e uma assessoria de imprensa contratada exclusivamente para cuidar da promoção do rali no país. Em maio, executivos da ASO estiveram em São Paulo para apresentar a competição.

Oficialmente, o Dakar e a ASO não comentam sobre as reuniões que estão em andamento com o mercado brasileiro.

Tendo no Rally dos Sertões seu maior concorrente pelo piloto brasileiro, o Dakar tenta também reduzir a dependência do mercado europeu. No ano passado, 64% dos competidores ainda eram oriundos do continente, que sempre foi o ''motor'' da competição. O crescimento da segunda temporada na América do Sul já foi palpável. Foram 27% dos competidores originários do continente, ante 9% em 2012, quando o Dakar desembarcou forçadamente na região.

Com o mercado brasileiro fazendo parte do rali, a expectativa é aumentar a presença dos sul-americanos na prova, até para ajudar no engajamento maior do público.

Para o plano dar certo, porém, o mercado nacional precisa estar com os olhos voltados para alternativas que vão além de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. O que, em 2015, está difícil imaginar que possa acontecer.