O espetáculo do Bom Senso
Erich Beting
A noite era para ser do Cruzeiro, justíssimo campeão brasileiro e que sobrou pelos gramados do país nos últimos meses. Mas o registro fica também para o que fizeram os 308 jogadores que entraram em campo na noite de quarta-feira.
Em nome do Bom Senso, os atletas dos 14 times cruzaram os braços assim que deram o primeiro toque na bola. Com o detalhe espetacular para o protesto do protesto feito por são-paulinos e flamenguistas, que trocaram a bola de um lado a outro pela absoluta falta de bom senso de Alício Pena Junior, árbitro que ameaçou amarelar quem cruzasse os braços.
O ato de Alício, aliás, talvez ajude ainda mais para o Bom Senso pegar.
Aliado ao movimento dentro de campo, o grupo que pede mais racionalidade na gestão do futebol brasileiro iniciou pela internet uma campanha para que as pessoas mandassem fotos demonstrando apoio ao Bom Senso. Ganhou ainda mais adeptos.
Talvez desde a histórica campanha pelas Diretas Já da democracia corintiana que o futebol no Brasil não vê um momento tão coerente e importante. Dessa vez, não pela nação, mas pela sobrevivência do próprio produto do futebol. A pressão à CBF, via opinião pública, é uma das melhores alternativas para fazer com que o Bom Senso ganhe pelo cansaço.
No fundo, no fundo, toda essa movimentação parte do princípio básico. Quem faz o show é o atleta. Sem ele, não há show.
Se continuarmos a maltratar os artistas, o futebol definha. É uma questão simplesmente de bom senso. Não é muito difícil…