Brasileirão no STJD liga alerta para Unimeds pelo país
Erich Beting
Em 2012, quando o Fluminense foi campeão brasileiro, a Unimed celebrou mais uma conquista após 13 anos de parceria com o clube carioca. O título do Brasileirão coroava o patrocínio de longa data ao Tricolor e reforçava a imagem da empresa de saúde. Um ano depois, a lambança de decisão do último time a ser rebaixado no Brasileirão-2013 nos tribunais de justiça desportiva fez com que o sinal de alerta fosse ligado nas Unimeds espalhadas pelo país.
Da mesma forma que as empresas se beneficiaram da conquista do Flu em 2012, agora podem ficar com a imagem arranhada pela permanência, nos tribunais, na elite do futebol brasileiro.
A maior preocupação atualmente gira em torno da Seguros Unimed. A empresa, que já patrocinou o Palmeiras entre 2010 e 2012, agora é patrocinadora da seleção brasileira. Assim que a Portuguesa perdeu na Justiça os pontos por escalação do atleta Heverton irregularmente, diversos posts nas redes sociais lembravam da associação da Seguros Unimed com a CBF e a consequente relação que poderia haver dela com a permanência do Fluminense na Série A, já que o clube é patrocinado também pela Unimed.
A parte curiosa dessa história toda é que, apesar de terem o mesmo nome e um ''dono'' em comum, Unimed e Seguros Unimed são empresas absolutamente distintas. Funcionando no sistema de cooperativas, a Unimed tem, em cada cidade, empresas diferentes, que em comum tem apenas o mesmo nome. Sócios, funcionários e orçamento são absolutamente distintos.
Isso fica evidente na relação entre as patrocinadoras da seleção e do Flu. A Seguros Unimed firmou, em agosto, contrato de patrocínio à CBF. O acordo garante à empresa, com sede em São Paulo, a chancela de ser patrocinadora da seleção brasileira. Já a Unimed Rio é quem patrocina, desde 1999, o Fluminense. Nem mesmo a cor das empresas são iguais. A com sede paulistana usa a cor azul, enquanto a empresa do Rio, assim como quase todas as outras cooperativas pelo país, tem a cor verde.
Procurada pela reportagem, a Seguros Unimed disse que a única relação em comum entre as empresas é o fato de ambas serem do sistema Unimed, como são outras 375 empresas. Os patrocínios no esporte são até diferentes, já que a empresa paulistana também apoia provas de corrida de rua e atletas que disputam a paralimpíadas, algo que já fez parte e que hoje saiu do escopo da Unimed Rio, que por sua vez, além de corridas, apoia atletas do vôlei de praia, o time de vôlei da Unilever, entre outros.
Ao todo, são 377 cooperativas, que atuam de forma independente. Como forma de ''unificar'' a comunicação das cooperativas, a matriz da Unimed sugere às empresas locais que invistam no esporte e, de preferência, no futebol. A unificação do plano de marketing foi adotada no final dos anos 90, pouco depois de a Unimed Rio começar a investir no Fluminense, por força de Celso Barros, ativo sócio do clube carioca e que decidiu ajudar o time após a queda à Série C nacional.
Com quase 15 anos de história de investimento dos mais diversos no esporte (só para lembrar, a Unimed Rio Grande do Sul faz o patrocínio à dupla Gre-Nal, e a Unimed de Santa Bárbara d'Oeste apoiou o nadador César Cielo no começo da carreira), pela primeira vez a Unimed entra num princípio de crise de imagem, graças à lambança do campeonato decidido na Justiça.
Como já dito no blog há algum tempo, a decisão extracampo, por mais justa que seja, tira do futebol o sentimento de credibilidade que havia sido resgatado nos últimos anos. Quando essas discussões começam a respingar em patrocinadores, cria-se ainda mais um sentimento de insegurança para que haja um investimento.
A Nissan já saiu do Vasco por conta das cenas de barbárie produzidas pela torcida vascaína. Um dano à imagem da Unimed, nesse momento, é mais um arranhão que o futebol brasileiro consegue produzir nos seus parceiros comerciais.