Sochi dá ao Rio sossego relativo para 2016
Erich Beting
O Rio de Janeiro tem de agradecer a Sochi pela relativa calmaria que terá com a organização dos Jogos Olímpicos de 2016. Nas últimas semanas, a pequena cidade no interior da Rússia tem sido constantemente envolvida em diversos casos daquela que pode vir a ser a mais complexa sede de uma edição de Jogos Olímpicos nos últimos tempos.
A começar pelos atentados terroristas no final do ano na Rússia, passando pela controversa Lei Antigay do país europeu, Sochi conseguiu outra proeza. A sede das Olimpíadas de inverno é a cidade que mais gastou, na história, para organizar uma competição olímpica. A conta chegou aos US$ 46 bilhões, superando os já astronômicos US$ 44 bilhões investidos pela China em Pequim-2008.
O estouro no orçamento (a previsão inicial de gastos era de US$ 12 bi), porém, é até pequeno perto dos problemas que a cidade vem enfrentando. Com a infraestrutura ainda deficiente, a logística da competição tem sido bastante complexa, o que tem encarecido substancialmente a hospedagem e transporte de quem vai acompanhar os jogos.
Sochi tem se revelado uma dor de cabeça tremenda para o Comitê Olímpico Internacional e para os seus patrocinadores. O protesto de entidades defensoras dos direitos humanos tem exigido das marcas um cuidado muito grande quando vão se relacionar com o evento. Da mesma forma, as polêmicas com a Lei Antigay (a Rússia proibiu manifestações homossexuais no país) afastaram ainda mais os patrocinadores do evento.
Internamente a crítica à realização do evento também é grande. Em agosto, a insatisfação da população russa era enorme. Cerca de 60% das pessoas diziam-se contrárias ao gastos excessivos com a organização do torneio e criticavam a sua realização.
Pelos problemas que Sochi apresenta até agora, o Rio de Janeiro representará um relativo mar de calmaria para o COI e as empresas que quiserem se associar às Olimpíadas. Até mesmo por conta do que virá a ser o incerto cenário de manifestações na Copa do Mundo e o aprendizado do que deve vir a acontecer em 2016. Nesse sentido, o Mundial ajudou o Rio.
Para quem teria de conviver com a fantástica experiência de Londres (tanto na gestão dos gastos como no sucesso do evento em si) como base de comparação, o Rio acabou se dando muito bem pelos tropeços de Sochi. Mas a cobrança do COI deverá, a partir de abril, vir pesada para cima da cidade.