Audiência em queda, mais um sintoma da falta de bom senso
Erich Beting
O Paulistão Chevrolet estreou na telinha em 2014 em queda de audiência. Na soma, Globo e Band registraram 16 pontos na medição do Ibope, um ponto a menos que em 2013, 2,5 pontos de queda em relação a 2012 e 5 pontos em relação a 2011 (reportagem completa disponível aqui). Mas que faz o torneio perder 25% de audiência num espaço de quatro anos?
A audiência em queda do principal campeonato estadual do país é só mais um sintoma da falta de bom senso que toma conta do futebol. Estreamos o Paulistão com pouco mais de um mês do término do Paulistão, mas de fato sem tempo para criar, no torcedor, a vontade de consumir seu time. Além disso, com 20 clubes (o mesmo que o campeonato nacional!!!), o Estadual de São Paulo é modorrento, arrastado, segue um roteiro previsível até a fase final. Mais um motivo para que as folgas sejam aproveitadas de outra forma que não torcendo pelo time.
A sobrevivência dos Estaduais tem amparo político. É por meio deles que as federações seguem fortes e, assim, é mantido o comando da CBF. Mas o que vai acontecer se o índice de audiência seguir ladeira abaixo?
O torcedor dá, a cada dia que passa, mostras de que o modelo vigente não mais lhe interessa. Os Estaduais estão, paulatinamente, ficando restritos aos fanáticos por futebol, o que é a minoria do negócio e, claramente, não é o que torna o esporte atraente. Hoje, a audiência dos Estaduais já fica próxima à da final do vôlei, ou até mesmo da São Silvestre, o que mostra que boa parte do público que está lá é por conta da rede de televisão que exibe o jogo e não por causa do evento que é exibido.
O grande segredo do esporte é ser um ótimo conteúdo para as emissoras de televisão. É por esse motivo que as empresas de mídia pagam tão caro para ter o conteúdo esportivo com exclusividade em sua grade.
Por aqui, o modelo começa a se aproximar da derrocada. Em breve, será mais negócio para a Globo abrir mão de transmitir os Estaduais. O bom gestor, em breve, será aquele que tiver nada além do que bom senso na hora de pensar o produto do futebol. É evidente que o modelo atual chegou no limite. Cada vez mais.