O golpe de mestre da Adidas com a Alemanha Rubro Negra
Erich Beting
A Alemanha poderá vestir uma espécie de réplica da camisa do Flamengo na Copa do Mundo de 2014. Nesta quinta-feira, a federação alemã apresentou a camisa número 2 da seleção, feita pela Adidas para que os atletas usem durante o Mundial. O modelo, inegavelmente, lembra o uniforme do clube brasileiro.
A estratégia é um golpe de mestre da marca. Em uma única ação, ele valoriza dois grandes ativos da empresa. Parceiro mais antigo da fabricante, a seleção alemã desembarcará no Brasil com uma garantia de que terá, pelo menos, a simpatia do torcedor flamenguista, que vem a ser curiosamente um dos parceiros mais recentes da Adidas no mundo. Da mesma forma é uma ação que valoriza o Flamengo e aproxima-o daquilo que a empresa quis ao fechar o maior contrato de patrocínio da história do futebol brasileiro, que é projetar a marca do clube para o mundo.
Mas a chamada usada pelos alemães para o lançamento do uniforme mostra o longo caminho que ainda precisa ser percorrido.
''A camisa que usaremos no Rio'' é a forma como a federação alemã mostra, em seu perfil no Facebook, o novo uniforme do time. Nos comentários, muitos torcedores relacionam o uniforme ao famoso personagem Freddy Krueger, do filme ''A Hora do Pesadelo''. Outros criticam o uniforme por fugir da tradicional camisa verde utilizada pelos alemães em Copas. E muitos outros ficam irritados pelo fato de a camisa ''rebaixar'' a Alemanha para algo menor, que seria um time de futebol no Brasil.
A ação, nesse sentido, tem muito mais efeito para o torcedor brasileiro do que para o alemão.
A projeção do Flamengo para o exterior depende, muito, do conhecimento do clube no exterior. E isso ainda é um passo muito longo a ser dado pelo futebol no Brasil. Sem promover nossos times e competições no estrangeiro, ficamos com a falsa impressão de que nossos clubes são conhecidos pelos feitos do passado. A última vez que o Flamengo enfrentou um time da Europa foi no ano 2000, quando o clube participou de um torneio chamado Villa de Madrid.
São quase 15 anos em que os torcedores não são impactados pela marca do Flamengo no mercado europeu. Ao mesmo tempo, durante esse período os clubes do Velho Continente se organizaram e expandiram suas marcas e ídolos para o exterior. Para o torcedor alemão, é estranho que o seu país atenda a um anseio da marca patrocinadora e vista uma camisa que rompa com as tradições do país. Isso pode até gerar uma crise no mercado local.
Na relação da Adidas com o torcedor flamenguista, porém, a camisa foi um golpe de mestre. Ele ficará muito mais favorável às três listras depois disso.