A Copa ajuda a dar um novo caminho até para o Ibope
Erich Beting
Afinal, a audiência do futebol na TV aberta durante a Copa do Mundo está mesmo despencando? Foi esse o desafio proposto há uma semana dentro da redação da Máquina do Esporte. A ideia era saber se o fato de a Copa ser aqui mudou a maneira como as pessoas se relacionavam com o evento.
Até então, as reportagens e análises sobre os assuntos comparavam os números divulgados pelo Ibope em outras Copas com aqueles de 2014. E, aí, realmente a ideia que se tinha era de que a audiência estava em baixa.
O Mundial, no frigir dos ovos, seguiria a tendência dos últimos anos da TV aberta. A cada ano, é menos ponto no Ibope que os canais têm alcançado. Isso tem gerado crises e discussões filosóficas sobre o futuro dos programas e de que forma eles poderiam recuperar a audiência, já que temos um crescimento significativo da TV a cabo e da internet no país.
Há quatro anos, acompanhamos semanalmente os resultados da audiência esportiva em TV aberta pelo Brasil. Primeiro só com os índices de São Paulo, e desde este ano em diante também com os números do Rio de Janeiro. A constatação, especialmente no futebol brasileiro, é de que o interesse em acompanhar as partidas ao vivo é decrescente. Mas também percebemos, ao longo desses quatro anos, que é preciso entender muito bem como funciona a métrica do Ibope para conseguir, então, entender o que acontece realmente na audiência da telinha.
Mundialmente, os mercados de cada país possuem seus institutos de pesquisa que mensuram a audiência da televisão. Eles são importantes porque dão, para os anunciantes, uma ideia de qual o impacto de qualquer coisa que é exibida na telinha. Assim, sabe-se onde é melhor colocar o dinheiro e o quanto colocar em cada programa. Mas lá fora, diferentemente daqui, as audiências geralmente são divulgadas por números de pessoas.
E isso é o que causa o grande enrosco em relação à medição do Ibope no Brasil. Os números de pontos que o instituto divulga correspondem a um grupo de residências que ficam sintonizadas naquele determinado canal. E, a cada ano, como aumenta o alcance do Ibope nas casas, aumenta também o número de domicílios atingidos a cada ponto.
No ano passado, por exemplo, 1 ponto de Ibope em São Paulo representava 61.952 lares. Este ano, esse mesmo ponto vale 65.201 domicílios. Ou seja, são cerca de 3 mil novas casas para 1 ponto. Em 2010, eram 58.300 casas representadas em cada ponto. Ou seja, na Copa de 2014, o ponto do Ibope em São Paulo tem 7 mil casas a mais, ou cerca de 21 mil pessoas.
Sendo assim, fomos atrás da audiência em número de pessoas nesta Copa do Mundo, para não cair na análise mais direta dos números do Ibope. E a constatação é interessante. O Mundial pode, no fim das contas, ajudar até mesmo o Ibope a rever a forma como mensura a audiência no país.
Ah, o resultado do desafio proposto pela equipe da Máquina? A Copa do Mundo aumentou a audiência da TV aberta, mas os jogos do Brasil caíram. E por que isso acontece? Clique aqui para ter acesso à reportagem completa que explica e mostra bem esses números.