Negócios do Esporte

Será que vamos aprender?

Erich Beting

''Assistimos hoje a uma aula de futebol''. Se estivesse em campo, o atacante Neymar muito provavelmente teria de recorrer novamente à frase usada após os 4 a 0 do Barcelona no Santos, lá em 2011. O Brasil tomou uma aula de futebol, que seria dada com ou sem o melhor jogador de uma seleção que sempre foi um punhado de individualidades e nunca um time formado.

Mas será que a humilhação desta terça-feira será suficiente para ajudar o Brasil a aprender?

Podemos bater no peito e dizer que não há nenhum outro pentacampeão, mas da mesma forma não podemos ficar nesse mesmo discurso por outras Copas.

Foi acachapante a forma como a Alemanha dominou o jogo. Não foi um acaso, não foi o ''apagão'' que Felipão tentou mais de uma vez convencer de que seria o motivo da derrota.

Os alemães repensaram a maneira como jogavam futebol há 12 anos. E construíram uma geração que joga de outra forma, coletivamente, preocupada em defender e atacar em bloco. Da mesma forma, a Copa do Mundo de 2006 foi fundamental para repensar a relação com o torcedor do futebol.

Tudo isso fez a diferença nesta terça-feira.

O Brasil precisa, agora, rever não apenas os 7 a 1 para tentar entender o que houve dentro de campo. É preciso viajar para a Alemanha, conversar com os diretores da Bundesliga, com os gestores de estádio, com os patrocinadores, com a mídia. Saber por que o futebol alemão mudou tanto daquele 30 de junho de 2002 e o brasileiro regrediu tanto.

Daquela final em Yokohama, só Klose e Felipão estavam presentes agora no Mineirão. Klose por ser o único centroavante de área remanescente de um país que deixou de jogar da forma como sempre jogou. Felipão, por ser o único nome com mais respeito da opinião pública para garantir a bronca de evitar a pressão sobre uma seleção de jovens atletas.

O problema brasileiro é generalizado. Os 7 a 1 não são fruto de um apagão. Fazem parte de uma diferença abissal que existe hoje na gestão do esporte. Isso ficará claro quando, daqui uma semana, voltarmos a ter de acompanhar o Campeonato Brasileiro. Será que agora vamos aprender? O problema dentro de campo é reflexo do que acontece fora dele.

É óbvio, mas agora ficou muito mais claro.