Agora, Alemanha dá aula de como ganhar o Brasil
Erich Beting
Semifinal da Copa do Mundo de 1962. O Chile, país anfitrião, é derrotado por 4 a 2 pelo Brasil e dá adeus ao sonho do título. Quatro dias depois, a seleção brasileira seria bicampeã mundial e daria a volta olímpica no estádio Nacional empunhando uma bandeira chilena, para delírio do público, que assumiu a torcida pelo Brasil.
Semifinal da Copa do Mundo de 2014. O Brasil, país anfitrião, é derrotado… (ok, para poupar nosso fígado, vamos parar por aqui).
No dia seguinte ao rolo compressor da Alemanha, jogadores e a própria federação alemã usam as redes sociais para pedir desculpas ao povo brasileiro, relembrar a história vitoriosa de nosso país e reforçar a importância do futebol brasileiro para o mundo. Derrotas acontecem, os alemães apenas fizeram seu papel de ganhar o jogo, etc.
A humilhação imposta pelos alemães não consegue gerar ódio ao time vencedor. Apenas temos de nos curvar diante da superioridade técnica e tática que foi demonstrada pela seleção germânica e tentar aprender com isso. Mas é curioso como parte dessa situação tem ligação direta com o comportamento dos vencedores durante e após a partida.
O preparo que a Alemanha fez para disputar a Copa do Mundo por aqui vai além das quatro linhas. Os alemães também vieram dispostos a ganhar não só do Brasil, mas principalmente o Brasil. Para isso, têm dado um show de comunicação.
Uso de redes sociais com declarações em português, interação máxima com não apenas a população local, mas com parte da história do país, como as tribos indígenas, juras de amor ao país (é só seguir as redes sociais do Podolski para ver). Até mesmo a camisa Rubro-Negra, imitando a do Flamengo, que foi um projeto da Adidas, mostra-se agora extremamente bem-sucedido.
O fato é que a Alemanha deu uma aula. Aniquilou dentro de campo o time local e, fora dele, está há cerca de um mês trabalhando a imagem para ser simpática e, assim, ganhar a torcida local. Tal qual fez o Brasil em 1962, os alemães podem terminar dando a volta olímpica no Maracanã com a bandeira verde-amarela, fechando com chave de ouro o planejamento montado para esses cerca de 30 dias inesquecíveis no Brasil.
Seria a comprovação do velho ditado de que gentileza só gera gentileza…