Negócios do Esporte

CBF deverá escolher a dedo o diretor de comunicação

Erich Beting

Uma das coisas que espero que Dunga tenha aprendido na primeira passagem como técnico da seleção brasileira é a importância de se tentar manter um cordial relacionamento com a imprensa. No BBB institucionalizado desde sempre no time nacional, tão importante quanto criar padrão de jogo e dar condições para que os jogadores evoluam está a necessidade de manter a mídia em sintonia contigo.

A volta dele após quatro anos à seleção brasileira pode dar certo. Mas passa, essencialmente, por uma nova forma de Dunga se relacionar com a imprensa. Por que isso se reflete, diretamente, na forma como a opinião pública vai encará-lo durante o período à frente da seleção.

Esse, hoje, é o maior desafio dele como treinador. A base da equipe está montada, é muito melhor do que a geração que ele formou em 2010 e ainda tem a experiência de fracassar numa Copa em casa, algo que ajuda a criar mais elementos de superação para motivar os atletas e a comissão técnica nesse trabalho.

Mas, se não houver um trabalho pesado de ''media training'' com Dunga, tudo isso pode virar pó na primeira derrota mais aguda. Só de acompanhar, pelo Twitter, os comentários dos jornalistas sobre as respostas do treinador, já deu para sentir que o rancor da mídia permanece aflorado.

Não temos, no Brasil, a cultura de pensar em médio e longo prazo e, muito menos, de sermos permissivos a uma segunda chance. Dunga pode ter mudado, evoluído e aprendido a ser mais maleável com a imprensa. Da mesma forma que a imprensa pode também ser mais complacente. Isso só vai ser possível notar com o começo dos trabalhos.

Dunga é uma aposta boa da CBF por vários motivos, mas o principal deles é essa atribulada relação do treinador com a mídia. Dunga é filho que não foge à luta, como diz o verso do hino nacional. Assim, ele vira um baita de um escudo para quem está atrás da linha de frente e que deveria ser o principal foco do questionamento.

Esperar uma renovação na CBF é tarefa impossível. Se isso viesse a acontecer, precisaríamos dar mais condições para quem está mais qualificado. E isso implica, necessariamente, em mudar o topo da cadeia (im)produtiva do futebol.

Dunga, quatro anos depois, é a velha solução para os eternos problemas da CBF. Com a experiência da primeira queda, pode ser que dê muito certo. Uma coisa é certa.

Escolher quem será o novo diretor de comunicação da CBF é vital para que o castelo não desabe na próxima Copa…