Negócios do Esporte

O risco do ‘jeitinho’ para o Rio-2016

Erich Beting

O sucesso da Copa do Mundo é o maior perigo para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Entramos hoje na contagem regressiva para o 5 de agosto de 2016. Passado quase um mês do término do Mundial de futebol, os olhos de todos, agora, voltam-se para a Cidade Maravilhosa.

O Rio de Janeiro terá de conseguir entregar, nos próximos 731 dias, um evento que comprove na prática aquilo que conseguimos vender na teoria. O plano que fez da cidade vencedora da concorrência para sede dos Jogos de 2016 foi um dos mais brilhantes planos estratégicos já feitos no esporte nacional.

Soubemos vender muito bem nosso peixe naquele 2 de outubro de 2009. Foi o tal do plano perfeito. Mostramos, claramente, que, se o COI quisesse se mostrar uma entidade moderna, teria de escolher pela primeira vez um país sul-americano para abrigar os Jogos. Respaldados pela maré otimista que cercava o Brasil à época, os dirigentes do comitê internacional deram ao Rio a responsabilidade de ser o anfitrião do maior evento esportivo do planeta.

Para que tudo não vire pó, o Rio tem pela frente um desafio ainda maior do que aquele vencido aos 45 do segundo tempo pelo Brasil em relação à Copa do Mundo. Conseguimos fazer um Mundial genuinamente brasileiro, naquela improvisação assustadora, mas eficiente, que tanto marca nosso país.

Só que o relógio olímpico é mais cruel. O COI acompanha a rédea curta a preparação da cidade-sede. A mídia americana entra de sola muito mais do que na Copa. Os atletas, então, são muito mais engajados e exigentes que os jogadores de futebol. A complexidade de uma Olimpíada impede que sejamos tão adeptos do bordão ''no final dá certo''.

Está passando da hora de o Rio executar o projeto Olímpicos. Aparentemente falta muito. Na prática, sabe-se que não sobra quase nada de tempo para a cerimônia de abertura.

Se não quiser ver a pira olímpica apagar, o Rio precisa abolir o ''jeitinho''. Deu certo na Copa do Mundo. É arriscar muito esperar que novamente consigamos uma mágica tão grande nas Olimpíadas.

Faltam só dois anos…