Negócios do Esporte

O ministro e a importância estratégica do esporte

Erich Beting

George Hilton. Quem trabalha com esporte no Brasil nunca ouviu falar dele. Não é um ponta-direita da seleção do País de Gales dos anos 80, ou um quarterback de um time universitário da NCAA. George Hilton é o novo Ministro do Esporte, que será responsável por conduzir os planos do governo federal relacionados à realização dos Jogos Olímpicos de 2016.

Sim, só estou falando sobre o assunto hoje porque fiz uma pequena pausa nas férias ao me deparar com tamanha bizarrice. Nada contra George Hilton. Mas absolutamente nada a favor à indicação dele para Ministro do Esporte.

Parece que Dilma Rousseff se esqueceu do que foi o período pré-Copa do Mundo para o Ministério do Esporte. Aldo Rebelo foi convocado às pressas para tentar domar a instável relação da Fifa com o governo. Conseguiu, a duras penas, tranquilizar Jérôme Valcke e ganhou pontos a partir do famigerado episódio do ''chute no traseiro''.

Agora, quando entramos na reta final da preparação olímpica, a decisão tomada pela presidência é de promover mais uma mudança no quadro do Ministério do Esporte. Não teria muito problema, se para o lugar fosse colocada uma pessoa que tivesse o mínimo de ligação com o tema (como foi com Rebelo) e noção do desafio que virá pela frente.

Mas, mais uma vez, o que se vê é que o governo não tem qualquer preocupação estratégica com o esporte. Nem mesmo quando temos o maior desafio da história do país em relação à organização de um grande evento o governo demonstra estar atento ao peso dessa responsabilidade. Continua a agir como se o esporte fosse algo de menor importância, quando, no momento, ele é estratégico para a imagem do país, inclusive para ajudar a apagar as manchas de petróleo deixadas pelo escândalo da Petrobras.

O trabalho bem desempenhado por Aldo credenciou-o a uma espécie de promoção, que foi assumir um Ministério de maior gabarito. O Esporte, assim, manteve seu status de pasta menos importante.

O comportamento de Dilma ao não dar atenção para o esporte, mantendo-o como um Ministério que serve como moeda de troca de apoios políticos, vai exatamente contra o princípio evocado pelo PT quando assumiu a presidência em 2003 e justificou a separação do Esporte do Ministério do Turismo.

Um governo que se preocupa tanto em melhorar a qualidade de vida das pessoas e que investe bastante em projetos sociais deveria entender o quanto o esporte é uma ferramenta eficiente para ajudar nesse processo.

Nada contra George Hilton. Mas, a menos de 600 dias para os Jogos Olímpicos, esperava-se que o Esporte tivesse uma consideração maior pelo governo. Até para assegurar que o passo dado para ter Copa do Mundo e Olimpíadas em prazo tão curto de tempo não se prove muito maior do que a capacidade que tínhamos para esses dois desafios.

Férias!
O blog ficará sem atualizações até o dia 5 de janeiro. Nos próximos dias colocarei a retrospectiva de 2014 no ar! Um abraço e obrigado pela companhia!