O NBB pode ocupar o vácuo de inovação que há no Brasil?
Erich Beting
Matéria da Máquina do Esporte da última sexta-feira mostra que a NBA iniciou, no Brasil, um novo modelo de expansão internacional. Pam El, vice-presidente executiva da liga americana de basquete, confirmou que há interesse de a NBA se tornar sócia de outras ligas de basquete pelo mundo (a entrevista está aqui), a exemplo do que foi feito com a Liga Nacional de Basquete, que organiza o Novo Basquete Brasil (NBB).
O interessante na conversa foi uma resposta dada por Gustavo de Mello. Brasileiro, radicado há mais de dez anos nos EUA, ele é o vice-presidente responsável pelo planejamento da NBA. Mello acredita que o NBB, se seguir o modelo de criação de produto feito pela NBA, poderá se tornar um exemplo para o esporte no país.
Gustavo é brasileiro, cresceu torcendo para o Flamengo no Rio e para o São Paulo em São Paulo, cidade onde acompanhou futebol na infância e adolescência. Mas, quando o assunto é o marketing no esporte, a análise dele de que o NBB pode vir a ser um exemplo para o futebol, mostrar ''que existe um caminho melhor'', faz todo o sentido.
Há, hoje, um vácuo de inovação no esporte dentro do Brasil. Nós não pensamos diferente, não agimos diferente. É só ver o que tem causado a simples mudança de horário de um jogo da rodada no futebol. O tal ''milagre'' do jogo das 11h nada mais é do que um fruto do acaso. Por exigência da PM paulista, um jogo do Paulistão foi para o horário das 11h para não coincidir com manifestações antigoverno. O sucesso do público levou os dirigentes a adotarem o horário das 11h como a grande revolução dos últimos anos no futebol.
Se colocar em prática alguns princípios básicos de promoção do esporte que a NBA faz, o NBB conseguirá, rapidamente, ocupar um lugar de destaque no país. Condições para isso não faltam. Além de praticamente não ter concorrentes, o basquete tem uma facilidade. Como precisa crescer, o esporte é mais afeito a mudanças. É só pensar que existe apenas uma liga independente de sua confederação no Brasil.
O NBB tem tudo para ocupar o vácuo de inovação que existe no esporte brasileiro. Com a NBA por trás, a chance de isso acontecer mais rapidamente é muito maior. Resta saber se as outras modalidades vão acordar depois que isso acontecer. Vale lembrar que, no mercado americano, até por necessidade a NBA foi a primeira liga a mirar a expansão internacional, algo que hoje UFC e NFL buscam a todo custo.