Negócios do Esporte

Arquivo : setembro 2015

O esporte, com bom RP, dá um retorno estupendo
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Erich Beting

A notícia se espalhou rapidamente. O atacante holandês Arjen Robben gravou um vídeo para “apresentar” a nova camisa do Sport. A ação, feita pela Adidas para o Sport, reforçou ainda mais o lançamento da terceira camisa do clube pernambucano. E mostrou, mais uma vez, como o esporte, se trabalhar de forma eficiente a área de relações públicas, dá um tremendo retorno para os patrocinadores e patrocinados.

Com a proliferação das mídias sociais e o enxugamento das redações jornalísticas, as relações públicas passaram a ser uma das principais ferramentas de ativação de patrocínio para as marcas. Na última edição das Olimpíadas, em Londres, cerca de 77% do investimento dos patrocinadores em ativação era destinado para as relações públicas. Em mídia tradicional, esse montante não chegava a 65% da verba.

Nos últimos anos, a área de RP passou a receber cada vez mais verba dos patrocinadores. Com a queda da relevância da publicidade, conseguir espaço na mídia de forma autêntica, gerando conteúdo para os veículos, se tornou mais eficiente do que fazer um anúncio ou mesmo uma ação de ativação para o público.

Não por acaso, recentemente as agências de publicidade saíram ao mercado e compraram algumas das principais empresas de Relações Públicas. A verba que antes era seguramente destinada à publicidade passou a ser dada para o RP.

E aí entra o esporte nessa história. Com a dificuldade cada vez maior de o jornalista ter acesso direto aos grandes astros, o trabalho de RP dentro das marcas e das modalidades esportivas passou a ser fundamental para aumentar o retorno sobre esse investimento.

O baile que Adidas e Sport deram com a ação envolvendo Robben é mais uma prova de que o bom trabalho de RP potencializa o retorno com o investimento no esporte. E a mídia, necessitando de conteúdo, é o caminho para validar as ações que têm, no fundo, algum cunho comercial…


Futebol mostra que paixão é que direciona patrocínio
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Erich Beting

Aos poucos, a “seca” do patrocínio máster no futebol brasileiro vai chegando ao fim. Na Série A do Brasileirão, por exemplo, agora apenas Goiás, Santos e São Paulo não possuem um patrocinador principal na camisa. Mas, a julgar pelo que acontece no movimento desses patrocínios, a decisão das empresas é muito mais emocional do que racional (detalhes aqui).

Metade dos patrocínios da Série A são de empresas públicas: Caixa (Chapecoense, Figueirense, Atlético-PR, Coritiba, Corinthians, Flamengo, Vasco e Sport) e Banrisul (Grêmio e Inter). Dos outros sete clubes com patrocínio no espaço mais nobre do uniforme, a decisão de patrocinar o clube foi absolutamente passional. Em todos os casos, as empresas são de capital privado, sem ações em Bolsa, e ainda os donos geralmente têm o poder de decisão absoluto sobre o investimento.

O novo integrante desse grupo é o Cruzeiro, que “estreou” o Supermercado BH no último domingo (leia aqui). Mas o caso mais enfático é o do Palmeiras, que teve na família Lamacchia um mecenas que contribui com R$ 45 milhões no ano (entre os aportes da Crefisa e da FAM).

Em comum, todos os negócios são milionários e, não por acaso, os clubes, além de serem de grande torcida, estavam sem um patrocinador máster após a saída de um antigo parceiro. Essa situação só reforça o amadorismo da decisão. Em vez de estudarem o que buscam com o patrocínio, essas empresas alimentam uma situação ilusória no futebol.

Os clubes precisam se enxergar como uma plataforma de geração de negócios para seu patrocinador. Até hoje, as propostas comerciais de patrocínio procuram muito mais exaltar o clube e sua história do que mostrar quais soluções podem ser dadas para uma empresa que se associa a ele.

Quando começarem a fazer isso, os clubes voltarão a abrir suas portas para as empresas de capital aberto, que geralmente têm muito mais dinheiro para investir e entende a necessidade de longevidade de um patrocínio. Não por acaso, no fim do ano, de todos os clubes da Série A, apenas três têm contrato de patrocínio máster assegurado: a dupla Grenal e o Palmeiras, que passará de novo pelo mesmo perrengue em dezembro do ano que vem…

Enquanto os clubes seguirem com propostas amadoras para os eventuais parceiros comerciais, jogarão para a torcida com o argumento da crise para não conseguirem negócios. Ou precisarão fatiar o uniforme para diversas marcas, sem enxergar que o negócio dele não é a vitrine da exposição na mídia, mas o produto do relacionamento com uma base de consumidores absolutamente fiéis à marca.