Negócios do Esporte

Bayern mostra que dá para vencer e lucrar

Erich Beting

O Bayern de Munique anunciou recentemente que atingiu a receita recorde de 528,7 milhões de euros na temporada (leia aqui). Semifinalista da Liga dos Campeões, vencedor com o pé nas costas do Campeonato Alemão, potência cada vez maior na Europa, é natural que o time bávaro consiga atingir números equivalentes aos de Real Madrid, Barcelona e Manchester United na arrecadação.

Mas a grande notícia do Bayern não foi nem tanto a expressiva marca de geração de receita. Com o Allianz Arena cada vez melhor, com a venda de parte do clube para a seguradora concretizada e com a expansão internacional do futebol alemão, é natural que o clube arrecade mais.

O legal foi o lucro anunciado pelo clube: 16,5 milhões de euros. Ok, é um lucro relativamente pequeno para uma empresa que arrecada 32 vezes esse valor. Só que o fato é que, há 22 anos, o Bayern termina a temporada distribuindo lucro a seus acionistas. O clube é um dos poucos no futebol que pode dizer que é possível conciliar a equação desempenho dentro de campo x equilíbrio no caixa.

O desempenho do Bayern foi pior que o do Real Madrid, por exemplo. Além de ganhar a Liga dos Campeões, os merengues tiveram cerca de US$ 51 milhões de lucro. Mas a grande diferença é que o Real não consegue ser tão consistente na equação títulos e lucratividade quanto os alemães.

Por que o lucro é tão importante?

O grande negócio do futebol é a performance esportiva. Só que, desde que o esporte começou a se profissionalizar cada vez mais, a boa performance está atrelada, quase sempre, a uma boa conduta financeira da instituição. Para ser campeão, quase sempre é preciso arrecadar bastante e gastar com equilíbrio o dinheiro que se arrecada.

Há 22 anos que o Bayern sabe controlar as finanças e obter performance. Na Alemanha, o clube reina, com 12 títulos ganhos nas últimas 21 edições do Campeonato Alemão. Na Europa, volta e meia o time chega às fases decisivas da Liga dos Campeões, tendo ganho a temporada 2012-2013.

No Brasil, não há, hoje, time que consiga ter o mesmo equilíbrio que o Bayern. Os três times que venceram as principais competições na temporada passada encerraram o ano com déficit: Atlético-MG (R$ 22,5 milhões), Cruzeiro (R$ 22 milhões) e Flamengo (R$ 19,5 milhões). A mesma história deverá ser aplicada ao futebol brasileiro neste ano.

Ser campeão ou ter ótimo desempenho dentro de campo é o principal negócio de uma equipe esportiva. Mas para sobreviver dentro do estágio atual de desenvolvimento do futebol como negócio é fundamental que os clubes aprendam que, além de ir bem dentro de campo, eles precisam manter-se saudáveis fora dele.

Algum dia a conta que não fecha precisará ser paga… Isso é algo que o Bayern aprendeu ao longo dos anos e que, atualmente, faz diferença para o clube no cada vez mais competitivo mercado do futebol europeu.