Cartola mostra poder de Fantasy Game no Brasil
Erich Beting
Apresentado pela Globo com certa pompa pouco antes do início do Brasileirão, o Cartola, único Fantasy Game oficial do Campeonato Brasileiro, já começa a mostrar o potencial mercadológico que existe dentro do nicho dos fanáticos por uma modalidade esportiva.
Nesta semana, o Grupo Globo anunciou que a versão PRO do game já conta com 100 mil assinantes. Isso significa que cerca de R$ 4 milhões entrarão nos cofres da empresa por conta do jogo virtual (leia aqui). A pergunta que fica é. E os clubes de futebol, estão abocanhando parte dessa fatia?
Quando negociam seus direitos de TV, ainda mais no modelo individual, os clubes abandonam a possibilidade de realizar esse tipo de ação por conta própria. E, ao entregarem para a Globo a exploração comercial dessas outras atividades, os clubes abrem mão de conseguirem ampliar a fonte de receita com o futebol e, mais do que isso, de se relacionar diretamente com o torcedor.
Outras modalidades poderiam, a seus modos, ter seus fantasy games também aqui no Brasil. Imagine o que representaria, hoje, para Superliga ou NBB ter 20 mil pessoas cadastradas pagando cerca de R$ 40 por temporada para poder jogar? E oferecer esse tipo de relacionamento com um torcedor fanático pela modalidade a empresas?
Nos EUA, onde o modelo de negócios foi criado lá nos anos 90 com a NFL, o mercado hoje está amplamente desenvolvido e muito mais complexo. Ligas e clubes sabem que essa é uma propriedade que, se bem explorada, amplia a relação com o torcedor para além das disputas esportivas e cria um canal de relacionamento constante com o fã.
Isso, na ponta final do negócio, significa incremento de receita e até mesmo ampliação do conhecimento sobre o tipo de torcedor que se relaciona com o esporte. Claro que, para fazer o fantasy game, é preciso investimento em tecnologia e um trabalho de análise de dados posterior, para poder saber quem é o consumidor dele.
Por isso mesmo, não é por acaso que partiu da Globo a iniciativa de desenvolver o Cartola como uma unidade de negócios. Cabe ao esporte, agora, se mobilizar para entender que é ele, e não a mídia, quem deve fazer o investimento nesse tipo de negócio.
O Cartola mostra que há espaço para o Fantasy Game no Brasil. E que isso pode ser um ótimo negócio para o esporte.