A necessidade de o futebol falar com todos os públicos
Erich Beting
O Corinthians comercializa para o torcedor o direito de jogar na Fazendinha por R$ 900. O Vasco lança um relógio que custa R$ 899. As ações, para ficar nas duas mais recentes entre os clubes brasileiros, mostram uma realidade muito interessante do marketing no futebol.
Talvez nenhuma empresa no mundo tenha de ser tão diversificada para atender ao seu consumidor como é o futebol. Coca-Cola e McDonald's, dois exemplos de companhias que teoricamente atendem todos os públicos, na essência não precisam, necessariamente, oferecer produtos para consumidores que vão das classes A até E.
Mas com o futebol isso não acontece. Um torcedor da classe E tem o mesmo direito de consumir o clube de um da classe A. Daí a discussão sobre o futebol ter de falar com todo tipo de público.
Com a profissionalização da gestão dos clubes, a tendência é de que os clubes comecem a buscar diversificar a oferta de produtos e serviços para os diferentes tipos de público que consomem o clube. Invariavelmente o preço do ingresso para os jogos será artigo de luxo, enquanto produtos licenciados e transmissão mais barata pela TV serão as ofertas para o torcedor com menor poder aquisitivo.
Uma Coca-Cola é um produto que pode ser consumido pelas classes A, B e C. As classes D e E aspiram, muito mais do que consomem. Um time de futebol não pode se dar ao luxo de não ser consumido pelo torcedor.
A boa notícia é que os clubes no Brasil começaram a se dar conta disso. Existem diversos tipos de consumidores para o futebol. E os times precisam oferecer serviços para todos eles. O marketing está cada vez mais dentro de campo. Para o cenário ficar melhor, porém, é preciso que os clubes conheçam cada vez mais quem é o seu público.