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Por que a Arena da Baixada é de fato um estádio multiuso
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Erich Beting

A Arena da Baixada receberá, no próximo final de semana, uma partida de vôlei da seleção brasileira masculina. Duelo marcado antes mesmo de o Brasil ganhar o terceiro ouro olímpico na modalidade, o confronto consolida também o estádio do Atlético Paranaense como uma arena que é, de fato, multiuso dentre todos os estádios que foram erguidos e/ou remodelados para a Copa do Mundo de 2014.

Depois de abrigar um evento do UFC, agora é a vez de o estádio do Furacão ter um jogo de vôlei. Por que esses eventos têm acontecido na Arena da Baixada e não em outros lugares?

Quando comemorou a instalação de uma grama sintética no estádio, no final do ano, o Atlético celebrava não apenas a implementação de uma novidade no mercado brasileiro, algo que sempre foi a marca do clube desde o fim dos anos 90.

O que o Atlético sabia que ganhava ao trocar o tipo de gramado de seu estádio era uma tremenda vantagem competitiva em relação à concorrência. Esqueça o aspecto técnico, a bola, o campo de jogo. O negócio que mais ajuda o Furacão ao ter a grama sintética é poder realizar, num final de semana, um jogo de vôlei, com um piso colocado sobre o gramado e, no dia seguinte, se quiser, fazer uma partida de futebol profissional em perfeitas condições.

Numa cidade que sofre com o frio como Curitiba, ter a grama sintética já é uma economia na manutenção do gramado. Tecnicamente, o time de futebol também se beneficia, por não precisar jogar num gramado danificado pela natureza e/ou por outros eventos (é só ver como estava o gramado do Mané Garrincha no domingo, ou como costuma ser o Allianz Parque após evento).

Nesse momento, mais do que fazer dinheiro com outros usos do estádio, o Atlético Paranaense precisa mostrar que a Arena da Baixada é uma excelente alternativa ao eixo Rio-SP. A grama sintética permite ao Atlético não colocar muitas restrições para que seu estádio seja usado para outros fins durante a temporada do futebol.

No final das contas, dos 12 estádios da Copa do Mundo, o único que pode hoje dizer que é multiuso é a Arena da Baixada. E a chave para isso foi, entre outras coisas, mudar a grama do estádio no fim do ano passado, começo deste.

Nos próximos anos a tendência é que aumente a concorrência entre os estádios para ter outros eventos. Com uma grama diferente das outras, a Arena da Baixada já está na frente nesse quesito.


Allianz Parque terá o seu Independence Day?
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Erich Beting

A briga (mais uma) entre Palmeiras e WTorre pela utilização do Allianz Parque ganhou um novo capítulo no dia de ontem com a declaração pública do presidente palmeirense, Paulo Nobre, de que defende o lado do torcedor que se revolta contra a construtora pelo fato de o clube ser colocado em segundo plano na realização de eventos no estádio.

Porém a opção da WTorre de exibir o filme “Independence Day 2” no lugar de realizar a partida do Palmeiras contra o América, pelo Brasileirão, é a prova de que o estádio palmeirense precisa encontrar o seu próprio dia da independência.

Com um tosco contrato de cessão de exploração de terreno, em que a redação do texto não permite entender quem tem o direito a o que, só há poucas certezas nesse acordo: a WTorre tem o direito de escolher se abre ou não o estádio para o uso do Palmeiras e, se não o fizer, tem de dar uma verba para o clube; as receitas com exploração comercial (patrocínio, camarote e eventos) são da construtora, que paga 20% ao clube do que for arrecadado.

O maior entrave é sobre o número de assentos que as duas partes possuem. O contrato não é claro sobre isso e cada lado tem um entendimento sobre o tema. É isso o que levou à disputa judicial entre os dois e é isso o que impede que haja uma relação de empatia entre os dois lados.

Desde que o estádio foi inaugurado, há 1 ano e meio, Palmeiras e WTorre fazem, ao mesmo tempo, papel de bandido e de mocinho nessa história. Exatamente pela maneira mal construída da relação, porém, é que a situação chega ao extremo.

É mais rentável para a WTorre alugar o estádio para uma exibição de filme do que abrir para um jogo com lotação quase máxima? Provavelmente cada lado dará uma versão diferente para a história e, para piorar, ambos devem estar com sua parcela de razão.

Fosse uma relação saudável e, sem dúvida, os dois lados chegariam ao consenso de que é possível fazer jogo E filme no mesmo dia. Eventos distintos, horários distintos, usos distintos. Afinal, não foi por conta dessa capacidade multiuso que a Allianz decidiu investir no patrocínio do estádio?

O problema é que o orgulho, dos dois lados, faz com que o negócio seja prejudicado. O cliente, seja ele a empresa que loca o espaço para mostrar um filme ou o torcedor palmeirense que gostaria de ver o time em seu estádio, é colocado para escanteio nessa história.

Já passou da hora de WTorre e Palmeiras deixarem o ego de lado e entrarem em sintonia fina para fazer o investimento todo na reconstrução do Palestra Itália valer a pena. Sorte de ambos que a Allianz sabe que, mesmo com essa relação tensa, o naming right é um bom negócio para ela.

Mas, sem dúvida, outros parceiros temem fazer parte do negócio por não ter a menor certeza de que ele será baseado numa relação estável e que tem como princípio básico fazer com que o espaço seja ocupado a maior parte do tempo e pelo maior número de pessoas. Geralmente é isso que faz com que um local de eventos tenha sucesso comercial…

Quando um evento que toma 10% da capacidade do estádio é escolhido no lugar de outro que gera a ocupação máxima dele é sinal de que pode ter chegado o conflito que precisava para o Allianz Parque ter, finalmente, o seu Independence Day.


Allianz Parque mostra que provocação de estádios tem limite
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Erich Beting

O que difere o uso da expressão “#poenodvd”, no painel de led da Arena Corinthians, após a vitória alvinegra sobre o Internacional, da brincadeira feita no perfil do Facebook do Allianz Parque, estádio do Palmeiras, com o técnico são-paulino Juan Carlos Osorio?

Nas últimas semanas, as respectivas ações feitas pelos dois estádios ganharam as manchetes. Tanto Corinthians quanto WTorre, gestora do estádio palmeirense, se apressaram em dizer que os funcionários responsáveis pelas brincadeiras feitas seriam demitidos. 

No caso corintiano, após a repercussão negativa da torcida, o clube afirmou que readmitiu o funcionário e, na partida contra o Figueirense, o painel de led da Arena Corinthians trazia a mensagem “Obrigado, Fiel”. O saldo do negócio foi positivo, de todas as formas. No dia da vitória contra o Inter, a torcida mais uma vez tripudiou em cima do adversário e, depois, o clube ainda brincou com a situação pela repercussão causada.

Não haveria o menor sentido em repreender quem fez a brincadeira com o Inter. O estádio é do Corinthians, a torcida presente naquele momento era a corintiana, o caso só ganhou maior volume porque os torcedores compartilharam a brincadeira em seus círculos de relacionamento (eu mesmo recebi de um amigo presente no estádio a imagem por Whatsapp).

Mas, no caso do Allianz Parque, a história muda um pouco. A começar que a brincadeira não foi feita dentro do estádio, mas no dia seguinte à partida, nas redes sociais. Além disso, a iniciativa partiu do gestor do estádio. Que, por sua vez, não trabalha apenas para o Palmeiras, mas também para a Allianz, patrocinadora do local.

A regra, básica, é a seguinte. O Allianz Parque deve valorizar o Palmeiras, mas nunca tripudiar dos outros. É esse o conceito que deve permear qualquer patrocínio no esporte. O patrocinador tem de se comunicar com o torcedor do time que patrocina, mas sem assumir a condição de torcedor. Ele deve valorizar o sentimento que une a pessoa ao clube, sem destruir o sentimento que une outras pessoas a outros clubes.

A partir do momento que o estádio do Palmeiras é patrocinado pela Allianz, ele deixa de ser apenas o estádio do Palmeiras, para defender também os interesses do patrocinador. E, como uma empresa que atua para qualquer pessoa vendendo seguros, a Allianz não pode pensar em ferir o sentimento do torcedor são-paulino.

Enquanto a Arena Corinthians não tiver uma empresa que batize o espaço, poderá brincar com torcedores como se fosse um “território” corintiano. Mas, quando passar a ter alguém que dê muito dinheiro ao local e o utilize para se relacionar com o mercado, ela precisará mudar seu comportamento.

Os novos estádios proporcionam, com a tecnologia disponível, várias possibilidades para interagir com os torcedores. Até por conta disso as empresas se mostram interessadas em patrocinar o local. Mas o caso recente do Allianz Parque mostra que, até para isso, existe um limite na zoação alheia…


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