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Arquivo : Copa do Mundo

Quem vai ficar com o Maracanã?
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Erich Beting

A pergunta começa a movimentar os bastidores já há algum tempo, mas vai ganhar ainda mais intensidade após o Flamengo manifestar, publicamente, o desejo de ser um dos novos gestores do Maracanã (veja aqui). Afinal, quem quer assumir a bronca de cuidar do estádio?

O plano de viabilidade econômico-financeira montado anteriormente para o Maracanã é responsável, em boa parte, pelo fracasso que foi os primeiros três anos de administração privada do estádio. Só para se ter uma ideia, havia no plano de negócios a previsão de se arrecadar cerca de R$ 20 milhões por ano com a venda do naming right do estádio. Se já é difícil conseguir esse tipo de receita para um estádio novo, imagine para o maior templo do futebol brasileiro? Nem na Inglaterra, mercado bem mais maduro para o naming right, tiveram coragem de colocar à venda o nome de Wembley. A proporção é exatamente a mesma.

O lado positivo de toda a discussão sobre o Novo Maracanã é que ele, já de cara, quebrou alguns pré-conceitos existentes em relação a estádio/arena multiuso.

O primeiro e mais importante deles: estádio ou arena, tanto faz o nome, é sustentado pelo futebol. Não dá para imaginar que haja outra fonte de receita significativa e constante quanto um jogo de futebol para esses estádios. Megashows só acontecem uma vez a cada trimestre. Ou, na melhor das hipóteses, uma vez a cada bimestre.

Outro aspecto importante deflagrado pelo Maracanã é em parte provocado pela nova realidade dos estádios modernos. É preciso ter evento bom para que o estádio seja aberto. Do contrário, é melhor mantê-lo fechado. Não é todo jogo de campeonato estadual que funciona. Flamengo x Madureira para menos de 3 mil pessoas é partida para qualquer lugar, menos para o “Maior do Mundo”. Isso vale para todos os estádios, velhos ou novos. Os Estaduais têm sua importância, mas, até para o torcedor, essa importância é cada vez mais relativa, só vale para grandes jogos. Então, melhor deixar fechado a perder dinheiro.

O Maracanã é um grande negócio, sobre isso não há qualquer dúvida. A operação do estádio precisa ser mais bem pensada, os negócios precisam ser pensados não sob a ótica magnânima do Brasil pré-Copa, mas sob o olhar do país que aprende, na marra, a fazer com que estádio fique mais cheio ou, pelo menos, dê dinheiro.

Tivemos uma cultura de quase 80 anos na qual o estádio de futebol era visto praticamente como um local que não tem de se preocupar com o cliente. Seja ele torcedor, imprensa, patrocinador ou atleta. É apenas um lugar para ir lá jogar bola.

A nova realidade, que é fundamental para melhorar a qualidade do futebol praticado aqui, é baseada no olhar do negócio. Não aquele negócio predador, em que há alguém interessado em sugar ao máximo o negócio para enriquecer. Mas um negócio que precisa ser lucrativo e, para isso, precisa atender bem o cliente.

Quem vai ficar com o Maracanã precisa ter isso muito claro. Os clientes de um estádio são vários. E cada um deles exige um olhar específico sobre o negócio.

Muitos querem o Maracanã para chamar de seu. Mas são poucos o que sabem que para isso é preciso, necessariamente, trabalhar para fazer com que o Maracanã seja de todos.


Indústria do esporte só será sólida com entidades de classe
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Erich Beting

A notícia de que a Abrarenas chegou ao fim (veja aqui) é desalentadora para o mercado esportivo brasileiro.

Criada há poucos anos, o objetivo da entidade era reunir os gestores de estádios e discutir, sempre em conjunto, temas relacionados aos estádios no Brasil. Temas que iam desde a cobrança de ingressos, a proibição de venda de bebidas alcoólicas, a meia-entrada, o acesso a deficientes, etc.

Ao deixar de existir a associação dos estádios, o mercado esportivo brasileiro dá mais um passo para trás.

No Brasil, até agora, é praticamente impossível existirem entidades representativas de classes no esporte. São raríssimos os casos em que há grupos que defendam interesses de uma classe no país. Esse fato revela algo muito mais delicado para a indústria esportiva brasileira.

Não havendo entidades de classe para atuar, não há uma maior solidificação dessa indústria no mercado.

É só ver o futebol, esfacelado em questão organizacional desde que o Clube dos 13 acabou. Por pior que fosse o C13, ele representava um ponto em que os clubes se uniam e defendiam interesses em comum. Isso é importante para que algumas melhorias aconteçam. Na base do “cada um por si”, os interesses individuais sempre atrapalham o coletivo.

Ou, então, perceber o quão importante foi a criação do Bom Senso, representando os atletas e exigindo melhorias para a indústria do esporte como um todo.

No caso da Abrarenas, o fim da associação revela o sombrio cenário a respeito do futuro dos estádios no país. Ou os novos gestores das arenas passam a ser comprometidos com a melhoria da indústria, ou então teremos várias dificuldades para profissionalizá-la, já que perderemos o bonde da história ao não aproveitar para transformar o esporte num espetáculo de entretenimento.

Já passou da hora de os diferentes segmentos da indústria esportiva (atletas, dirigentes, arenas, executivos de marketing, etc.) perceberem que o crescimento desse mercado só será possível com a união de cada classe. Em bloco, os atletas negociam melhor com os dirigentes, que negociam melhor com as arenas, com a mídia, etc.

A cadeia produtiva do esporte no Brasil já tem hoje um tamanho suficiente para que as entidades representativas de classes sejam formadas. Mas é desalentador ver que fracassou a tentativa disso naquela classe que justamente concentra um dos maiores investimentos feitos no esporte nos últimos anos, que é a de arenas esportivas.

Para ter uma indústria esportiva sólida no país, é urgente que surjam as entidades defensoras de diferentes segmentos dessa indústria. Ou o esporte nunca será, de fato, suficientemente grande para gerar diversos empregos.


O discurso da Copa sobreviverá à Lava Jato?
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Erich Beting

Começou a ruir hoje o discurso de legado gerado pela Copa do Mundo para o futebol. A inclusão da Arena Corinthians nas investigações da Lava Jato é o começo da abertura da caixa preta das construções de estádios no Brasil, a toque de caixa, nos últimos cinco anos.

Ainda haverá muito a ser investigado e, a partir daí, poderemos tirar qualquer conclusão mais detalhada do que ficará após a terra arrasada, se é que de fato ela ficará arrasada, ou só será revirada.

Com a falência das empreiteiras (se não financeira, sem dúvida moral), os estádios que estão hoje nas mãos dessas empresas vão passar para seus antigos donos.

Se eles não quiserem assumir a bronca (e a conta), o que vai acontecer?

Em Cuiabá, onde nenhuma empresa privada quis assumir o risco de gerenciar o estádio, o legado veio menos de dois anos após a Copa. Entregue à gestão pública, a Arena Pantanal definhou em tempo recorde.

As arenas da OAS estão começando a sair das mãos da empresa. Os estádios da Odebrecht, idem. E quem vai cuidar desses aparatos? Comprovadamente, colocar o estádio nas mãos da esfera pública não é certeza de sucesso, pelo contrário.

O tal legado prometido com a Copa do Mundo poderia ter vindo, se não das obras de mobilidade urbana, da melhora do aparato para a prática esportiva. Ao que tudo indica, com a Lava Jato chegando aos estádios construídos para o Mundial, há uma grande chance de mudar de vez os donos dos estádios.

E, ao que tudo indica, isso não significará necessariamente a melhora na gestão dos aparatos.


Ranking de estádios é início de caminho para o país
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Erich Beting

A criação de um sistema nacional de pontuação para os estádios de futebol no Brasil é o início de um caminho para que o país comece a entender a importância de criar padronizações para buscar, então, elevar o nível do esporte. O ranking apresentado pelo Ministério do Esporte vai gerar polêmica e, para variar, vamos debater quantas bolas deveriam ser catalogadas para esse ou aquele local.

E é exatamente a existência desse tipo de debate que precisa acontecer. Se não começarmos a tentar criar padrões e determinar o que é um padrão de excelência A ou B, ficaremos sempre na idade da pedra lascada no que se refere às questões da indústria do esporte do Brasil.

Quando, há nove anos, o Brasil recebeu goela abaixo a realização da Copa do Mundo, não havia qualquer forma de se criar um planejamento do que queríamos com o evento. O resultado está claro agora.

Foram feitos projetos completamente surreais de previsão de receitas para os estádios novos, baseados em mercados maduros e consolidados como o dos Estados Unidos. A situação piorou com complicações em quase todas as arenas no pós-evento causadas pelas investigações que revelam o submundo das negociatas entre empreiteiras e governos.

E, no fim das contas, o que restam são estádios lindos, mas ainda sem qualquer previsão de quando poderão se pagar. Sim, estádio foi feito para fechar a conta! E as modernas arenas da Copa do Mundo não podem correr o risco de não conseguirem gerar o mínimo de receita para equilibrar as contas e proporcionar um salto de qualidade no futebol a partir da melhora da qualidade no atendimento ao torcedor.

Ao criar o sistema de qualificação dos estádios, começamos a criar subsídios para a indústria entender o que pode ou não ser um bom negócio nas arenas. O maior desafio que o Ministério do Esporte tem pela frente, porém, é ser técnico o suficiente para dar notas baixas a arenas que tiveram milhões investidos pelo governo em sua construção.

Se não houver qualquer ingerência política sobre a classificação das arenas, começaremos a ter a formação de uma indústria ao redor dos novos estádios. No mercado europeu, desde a criação da Amsterdam Arena, há 20 anos, que os próprios clubes e gestores perceberam que ter estádios mais modernos é crucial para ter vantagem competitiva nos médio e longo prazos.

Por aqui, com uma indústria ainda em formação, ainda é necessária a ingerência do governo para criar padrões e tentar pavimentar o caminho a ser seguido. Parece que, agora, a estrada foi pavimentada. Resta saber se os gestores dos estádios vão conseguir usar esse início de ordenação para construir uma indústria relativamente sólida.


O que mudou nos 7 a 1 foi a autoestima do torcedor
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Erich Beting

Reforma já!

Técnico estrangeiro já!

Muda tudo!

Não foi um apagão!

Fora, Marin!

Abaixo à CBF!

Gol da Alemanha!

Há um ano, ouvíamos, ainda tão atordoados quanto os 11 jogadores em campo naquele fatídico 8 de julho de 2014, algumas dessas frases sendo proferidas por torcedores destroçados pela maior humilhação já sofrida pela seleção brasileira dentro de campo.

E, um ano depois, o que mudou após os 7 a 1?

A percepção geral é de que nada mudou. Saiu Marin, entrou Del Nero. Saiu Felipão, entrou Dunga. Sai Neymar, o time não se acha…

E talvez seja exatamente essa a grande mudança que exista no imaginário brasileiro após os 7 a 1.

De forma visível e palpável, nada mudou. Os dirigentes seguem os mesmos, tentando forçar a não-aprovação de leis que minem o poder quase supralei da CBF na atualidade. O treinador é quase o mesmo, com a diferença de que agora chamaram o pessoal do passado para dar ideias sobre o futuro. O Brasileirão segue a ser (des)organizado do mesmo jeito, sem uma preocupação com o produto apresentado.

Mas, de forma estrutural, muita coisa começa a mudar.

Os jogadores fizeram, após os 7 a 1, a maior mobilização já vista da categoria no Brasil. Cruzaram as pernas e sentaram nos chãos, protestando contra o descaso dos cartolas com o futebol. Viraram uma frente de combate à CBF tão importante a ponto de influenciar a presidência da República a tentar melhorar alguma coisa no futebol.

Os torcedores, a seu modo, também refletem o impacto dos sete gols na cabeça. A crença de que ser apenas o país pentacampeão do mundo já garante títulos e favoritismo ao Brasil caiu pela terra arrasada. A sensação de que não somos mais “o melhor” faz bem para o próprio processo de mudança que precisa acontecer.

No fim das contas, 7 a 1 não foi pouco. E, um ano depois do massacre alemão, o Brasil ainda procura juntar os cacos do maior pesadelo futebolístico da história.

Dá para virar o jogo, mas isso requer muito esforço e trabalho de planejamento no longo prazo. Algo que o Brasil, dentro e fora de campo, na economia e no esporte, na política e nas artes, não está acostumado a fazer.

O que não dá para imaginar é que nada tenha mudado após os 7 a 1. Imagine o que teria de fato mudado se o Brasil tivesse ganho a Copa? Possivelmente, ainda teríamos o mesmo Brasileirão apagado e insosso, mas a sensação era a de que ninguém pode com o único hexacampeão mundial.

A maior mudança provocada nos 7 a 1 foi a diminuição da autoestima do torcedor. E isso é o primeiro passo para, aí sim, mudar mais coisa no futebol brasileiro.


Por parceiro, Fifa permite a cegos tocar taça da Copa
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Erich Beting

Para atender à estratégia de comunicação de um patrocinador, a Fifa abriu uma exceção à rígida política de manuseamento da taça da Copa do Mundo. Pela primeira vez, uma pessoa “comum” pode tocar a taça do Mundial. A permissão, que é restrita a chefes de estado e aos jogadores que a conquistam, teve como objetivo cumprir uma parte do plano de divulgação da Coca-Cola relacionado à Copa.

Em setembro passado, o time de cegos do futebol de 5 do Brasil, que é campeão paraolímpico, teve a permissão para tocar pela primeira vez a taça da Copa. O encontro dos atletas com a taça foi gravado pela Coca-Cola, que nesta quinta-feira (dia 26) lança um vídeo de 30s na televisão para mostrar às pessoas como foi a reação de Ricardo Alves, o Ricardinho, um dos principais jogadores do time brasileiro e que é o personagem da campanha (o vídeo, que ainda não foi divulgado, você encontra ao final do texto).

A peça publicitária marca o pontapé inicial das ações de ativação da Coca para o ano da Copa (leia mais detalhes aqui). Como afirmou ao blog Victor Bicca, diretor de comunicação da Coca-Cola, a ideia é mostrar que a empresa tenta fazer um Mundial inclusivo. O mote da campanha da empresa para o torneio é “A Copa de todo o mundo”.

“Pretendemos fazer uma conexão grande com os legados que estamos construindo a partir do Mundial. A Copa, para nós, não é somente as ativações das propriedades, mas é  também baseada em legados socioambientais”, disse Bicca.

Para a Copa do Mundo, a grande ativação será com o tour da taça. A partir de abril, a taça do Mundial, que está rodando o mundo, chega ao país. A partir dali, ela vai passar pelas 27 capitais, num giro inédito no Brasil. “Algumas cidades que receberão a taça não receberam nem mesmo a seleção brasileira”, exemplificou Bicca, mostrando o tamanho do alcance que terá o tour da taça.

A ideia de tornar a Copa mais inclusiva possível fez com que a Coca-Cola adotasse um discurso diferente para a promoção da marca no Mundial. Até agora, ela tem sido a empresa que mais tem tentado falar sobre os legados que ela tem gerado para o país a partir do evento. Com isso, a expectativa é conseguir passar uma imagem mais positiva do patrocínio à Fifa, algo que tem preocupado bastante os patrocinadores, especialmente com os protestos que aconteceram na Copa das Confederações.

O resultado prático das ações só deve vir no fim do ano, quando a Copa terá de fato passado e aí começaremos a contabilizar os reflexos disso. Até lá, as empresas vão tentar, cada uma a seu jeito, mostrar que o patrocínio é um bom negócio. Também para o consumidor.


Em ação, Sony “dá” ingresso da Copa por R$ 13 mil
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Erich Beting

Na abertura da temporada de promoções por ingressos da Copa, a Sony anunciou nesta terça-feira que dará 500 bilhetes para compradores de dois modelos exclusivos de televisão da marca. Tendo como mote as compras de Natal e o desejo do brasileiro de trocar de aparelho de TV para assistir ao Mundial, a empresa japonesa traçou a estratégia de “compre-e-ganhe” para fazer com que os modelos topo de linha sejam vendidos.

O preço para que o torcedor consiga um ingresso para o Mundial é bem salgado: R$ 13 mil, que é o valor do televisor de modelo 4K de 55 polegadas. A TV é de ultra definição, que é a nova aposta de tecnologia das empresas de eletroeletrônicos. Pela primeira vez a Copa será transmitida com essa tecnologia, o que faria do comprador do modelo um dos felizardos em também poder assistir à competição com imagens cada vez mais nítidas.

Segundo a Sony, a expectativa é de que o mercado de venda de televisores seja impulsionado em 50% com a Copa do Mundo no Brasil. Algumas pesquisas de mercado indicam que há um sensível aumento do interesse do torcedor em trocar de aparelho por um de melhor qualidade de imagem por conta do Mundial.

A questão, porém, é o quão “inacessível” continuam a ser os ingressos da Copa. Numa ação bem mais popular, a Centauro criou promoção para que o torcedor, a partir de compras de R$ 50, concorra a bilhetes para o torneio. Daqui até o sorteio das chaves da Copa, novas promoções devem surgir, seguindo essa tendência de impulsionar vendas a partir do interesse das pessoas em conseguir assistir a pelo menos um jogo do Mundial brasileiro.

Como já dito por aqui, esse tipo de ação pode gerar um efeito de curto prazo de aumento do interesse em vendas e, também, num maior reconhecimento da população pelas marcas patrocinadoras da Copa do Mundo. O problema, porém, é saber qual será o impacto disso na imagem dessas empresas. A partir do momento em que há uma demanda muito maior do que a oferta de bilhetes, o que poderia ser o diferencial de uma marca se transforma em seu maior defeito.

Um dos legados que a Copa pode trazer para o mercado de patrocínio esportivo é mostrar que a chave para o sucesso das ações de patrocínio é a continuidade das ações. O oportunismo das marcas pela ação de curto prazo tem grande risco de gerar um efeito contrário no apaixonado torcedor.

Até hoje, o brasileiro se acostumou a ser na maior parte das vezes oportunistas ao investir em esporte. Os trabalhos de médio e longo prazo, porém, são geralmente aqueles que geram maior retorno de marca para as empresas. É, mais ou menos, a mesma coisa que acontece na publicidade. Como a cultura brasileira de comunicação corporativa sempre teve como foco o mercado publicitário, o esporte ficou à margem desse planejamento.

Com a Copa, o jogo pode começar a virar. O problema é que, até agora, praticamente nada de novo foi visto por aqui. A única diferença em relação aos Mundiais anteriores é que a oferta de ingressos é bem maior. Mas, como mostra a Sony, a alguns preços sensivelmente salgados…


Adidas fará pré-lançamento de bola da Copa
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Erich Beting

A Copa do Mundo no Brasil ficará marcada por uma “quebra” no protocolo recente da Fifa. A Adidas conseguiu uma permissão da entidade e fará, no próximo dia 3 de dezembro, um evento no Rio de Janeiro para jornalistas e convidados da marca para apresentar a Brazuca. Desde 2002, pelo menos, que o sorteio final da Copa do Mundo é usado como evento para a apresentação da bola da competição.

A decisão de fazer o “pré-lançamento” da bola tem a ver com a própria escolha feita pela Fifa para o sorteio das chaves do Mundial. Como o evento será apenas para convidados na Costa do Sauípe, no litoral baiano, a Adidas criou o lançamento prévio para atrair mais gente e, principalmente, concentrar maior atenção da mídia no anúncio da bola. Geralmente, a repercussão da mídia no dia do sorteio fica em torno dos confrontos das seleções, e a bola acaba sendo apenas um elemento secundário.

A antecipação do lançamento faz parte da estratégia global da Adidas para que a Brazuca seja a bola mais vendida na história. O modelo, que já foi apresentado para o mercado lojista, tem uma expectativa de venda de mais de 15 milhões de unidades, superando as marcas da Teimgeist (Copa de 2006) e Jabulani (Mundial de 2010), e colaborando para que o segmento de futebol passe a barreira de 2 bilhões de euros em vendas em 2014.

A mudança da data foi uma vitória para a Adidas, que já havia tentado antecipar o lançamento da bola da Copa das Confederações, mas que teve de se “contentar” em mostrar o modelo da Cafusa, como ela foi apelidada, apenas no início da cerimônia de sorteio das chaves da competição.

Ao criar um evento único para a bola, a Adidas começa a esquentar os tamborins para a Copa do Mundo a três dias do sorteio das chaves. A empresa calcula que terá dois períodos de crescimento de vendas. O primeiro é para o Natal, quando a bola será apresentada. E o segundo, naturalmente, é durante o Mundial.

Ao antecipar o lançamento da bola, a marca também atende a um desejo da Fifa, de ver os parceiros comerciais da entidade colaborando para a promoção do próprio evento. No Brasil, a expectativa da instituição é de que a semana pré-sorteio seja marcada por massiva campanha em mídia dos patrocinadores enaltecendo o torneio e, também, pelo aumento do “clima de Copa do Mundo” para o torcedor.

Sob essa ótica, é bem provável que, em 2017, a bola da Copa na Rússia também seja lançada antes do sorteio final da competição.


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