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Jogo na segunda à noite? É disso que o povo gosta!
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Erich Beting

A grande novidade da festa de abertura do Brasileirão foi a implementação do jogo na segunda-feira às 20h. A medida causa um impacto gigantesco na disputa cada vez mais acirrada pela audiência da TV paga no Brasil. Se, até a próxima semana, a segunda à noite era reservada para as mesas de debates nos canais esportivos a cabo, agora as emissoras terão de achar outro dia, ou horário, para o bate-papo.

O jogo da segunda à noite pode ser considerado o “Jogo do Sportv”. Vai atender aos anseios da emissora, mas também começar a retomar algo que fez parte da cultura futebolística do país nos anos 80.

Naquela época, a segunda à noite era o dia do Campeonato Carioca na TV aberta. Nossa geração cresceu vendo, na Band, o “Canal do Esporte”, o Januário de Oliveira consagrar Super Ézio, Peri de Pelotas, Charles Guerreiro, Valdir Bigode, Valdeir “The Flash” e, claro, os bordões “É disso que o povo gosta”, “Tá lá um corpo estendido no chão” e mais um monte de outras diversões pelos gramados de Moça Bonita, São Januário, etc.

Foi cruel, muito cruel, quando os contratos de TV começaram a se profissionalizar, em 1997, e mudamos radicalmente os horários de transmissão no país. A turma seguinte à minha, que hoje está na faixa dos 20 aos 30, não pegou mais essa distribuição de futebol brasileiro pela TV, aberta ou fechada, ao longo de quase toda a semana.

A realização de um jogo importante na segunda à noite é fundamental para resgatar o princípio da relação entre o esporte e a televisão. A TV é a principal parceira comercial do esporte. Isso não é exclusividade do Brasil. Em qualquer lugar, quem mais coloca dinheiro numa competição é a TV. Depois, muito depois, estão as verbas dos patrocinadores.

Como principal parceiro comercial do esporte, a TV tem o direito de ser bem atendida. É preciso pensar em como dar a ela a maior audiência possível, para recompensar o investimento que é feito no produto pelo qual ela paga milhões. Até porque, ao fazer isso, o esporte diretamente se beneficia de uma maior audiência e maior promoção de seu evento.

É fundamental o futebol brasileiro tentar, constantemente, atualizar suas ideias e pensar em mudanças para deixar o torneio atrativo para todos: atletas, clubes, patrocinadores, mídia e torcedores. O futebol não tem consumo apenas às quartas, quintas, sábados e domingos.

Nos EUA, onde há a maior taxa de ocupação das arenas esportivas e índices altos de audiência, o esporte sabe que, para ser consumido, precisa ter presença constante na telinha.

Afinal, como diria Januário, “é disso que o povo gosta”…


Saída da Band mostra como futebol recua como negócio
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Erich Beting

A saída da Band da transmissão do futebol é um baque. Não só para a emissora, mas também para os clubes, que ficam ainda mais enfraquecidos na relação de poder com a Globo, detentora mais do que exclusiva dos direitos de transmissão do futebol.

A presença de apenas uma emissora transmitindo o Brasileirão é a prova de que o futebol reflete a crise econômica pela qual o país passa. Como a Máquina do Esporte mostrou outro dia, o futebol depende hoje da verba de instituições financeiras, respondendo por 70% dos patrocínios na Série A nacional.

Hoje, há apenas seis patrocinadores máster nas camisas de 16 clubes (Banrisul, Caixa, Crefisa, Intermedium, MRV e Schin), enquanto outros quatro não possuem um patrocínio principal. Há dez anos, o cenário era completamente diferente, com várias marcas investindo no esporte mais popular do país.

O futebol, como negócio, enxugou. E a saída da Band é um reflexo disso. Não há mais tanta empresa interessada em pagar a conta, seja ela de patrocínio na camisa, seja ela de transmissão de jogos. Com menos empresa envolvida, há menos dinheiro disponível no mercado para que o futebol seja sustentável.

Ao perder um parceiro de transmissão do futebol, os clubes perdem mais ainda um poder de barganha com a TV. Hoje, há dois financiadores do futebol no Brasil, a Globo e a Caixa. Por mais que tenham evoluído na busca pela diversificação de receitas, especialmente com o sócio-torcedor, os clubes estão cada vez mais dependentes das duas fontes para conseguirem manter suas estruturas.

De nada adianta os valores de TV e de patrocínio terem aumentado substancialmente nos últimos anos se isso significa que os clubes estão cada vez mais dependentes das fontes pagadoras desses altos valores.

A pior notícia da saída da Band do futebol é a certeza de que não há alternativa para os clubes de desenvolverem seu produto sem depender excessivamente da verba da Globo. O maior problema está no fato de que os clubes entregam à Globo toda a necessidade técnica de produção das imagens dos jogos. Assim, a transmissão de um jogo fica muito encarecida, já que a emissora precisa não só pagar pelos direitos como custear toda a transmissão de um jogo.

Na Europa, Alemanha e Inglaterra evoluíram seus campeonatos a partir do instante em que passaram a ditar a regra sobre os direitos de transmissão, sendo as ligas as responsáveis por gerar as imagens das competições. Isso aumentou o valor pago pelas TVs e permitiu uma pulverização maior da transmissão em diferentes empresas, cada uma pagando aquilo que pode por um pacote de jogos.

Por aqui, seguimos caminhando no sentido inverso. Além de teimar em manter a negociação individual, os clubes não percebem que estão deixando o produto cada vez mais na mão de poucas empresas. Vai levar muito tempo ainda para o futebol se recuperar disso. E a saída da Band é só mais um capítulo dessa difícil caminhada…


Inglaterra mostra que futebol pode ser similar às ligas americanas
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Erich Beting

A conquista inédita da Inglaterra pelo Leicester mostra, mais do que qualquer outra coisa, que o futebol tem condições de se aproximar da igualdade financeira que as ligas americanas têm como princípio e que rege a imprevisibilidade tão característica das competições na América.

Desde sempre, o sistema fechado das ligas é apontado como o maior responsável por permitir que haja uma distribuição mais igualitária de verba entre os clubes. No universo do futebol, a questão de ter séries distintas e acesso e descenso é usada como primordial para que haja clubes mais ricos e outros mais pobres, impedindo que a competitividade entre grandes e pequenos seja maior.

O que aconteceu na Inglaterra, porém, mostra que o futebol pode, sim, ser mais racional e justo na divisão do dinheiro e, com isso, ter maior competição entre os times, deixando o campeonato imprevisível. E isso é ótimo, já que qualquer torcedor pode ter a ambição de fazer uma boa campanha naquele ano, não importa se ele representa um em um milhão ou em 5 mil pessoas.

A divisão mais justa do dinheiro bilionário da TV, na Inglaterra, somada ao fato de que os clubes muito ricos tiveram um ano desastroso tecnicamente, ajudaram a construir um pouco da improvável história do Leicester. Agora, com o título, a equipe do norte da Inglaterra arrecadará quase meio bilhão de reais (veja aqui os números da conquista) só com a grana da televisão.

O dinheiro da TV é, de longe, o maior financiador do esporte. Nos Estados Unidos, é a divisão mais justa dessa verba que faz com que haja maior igualdade entre as equipes dentro de campo e de quadra. No futebol, a política sempre interferiu nessa decisão de como a verba seria dividida. Assim, clubes mais populares quase sempre tiveram fatias mais importantes desse dinheiro.

De uns anos para cá, puxados pela Inglaterra, os demais países e competições começaram a tornar mais igual a distribuição da fatia do bolo da mídia. E isso tem gerado maior competitividade entre as equipes. Agora, a Inglaterra, ao consagrar o seu improvável campeão, mostra na prática aquilo que a teoria indicava.

A partir do instante em que há melhor divisão de receitas, há mais chance de todos fazerem um bom papel. E isso aumenta, substancialmente, o interesse das pessoas na competição. O americano sabe que, por ser um entretenimento, o esporte precisa dar motivo para as pessoas terem o desejo de consumi-lo. O futebol sempre achou que não precisava seguir essa mesma linha de raciocínio.

Os ingleses estão, a seu modo, reinventando o futebol…


Tática do Esporte Interativo transforma futebol em incógnita
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Erich Beting

A estratégia do Esporte Interativo de, comendo pelas beiradas, ter um grande número de clubes sob contrato a partir de 2019 para a transmissão do Campeonato Brasileiro na TV paga pode gerar um tremendo enrosco na transmissão do futebol a partir daquele ano.

Sem conseguir fechar com clubes de maior expressão, o canal do Grupo Turner partiu para um interessante contragolpe. Foi atrás de equipes que estão na Série B, mas que nos últimos tempos tem flertado com a Série A, seja em umas duas a três temporadas, seja próximo da tabela de classificação.

O raciocínio do canal é bom. Paga-se uma luva a esses times, que assim têm condições de se reforçarem mais e, dessa forma, há um aumento de probabilidade de eles chegarem à Série A daqui a no máximo três anos, quando começa a valer o acordo que já conta com Santos, Atlético-PR, Coritiba, Bahia e Inter.

Esse é o cenário melhor possível para o canal, mas que pode ser péssimo para o futebol como produto.

Explica-se.

É ótimo ter a entrada de um novo e importante player no mercado. É só ver como foi benéfico para o mercado de TV paga a entrada da Fox há quatro anos. Os eventos foram sendo cada vez mais valorizados dentro das emissoras e, na ponta final, o esporte ganhou mais dinheiro.

Mas, num primeiro momento, a divisão de clubes entre Globosat e Esporte Interativo pode levar a um impasse que inviabilizaria a exibição dos clubes na televisão, o que por sua vez traria um efeito cascata de diminuição da presença do Campeonato Brasileiro na mídia, num momento em que a TV paga deverá ter desempenho de audiência cada vez maior, dada a fragmentação do consumo da mídia cada vez maior.

Uma eventual divisão de metade dos times para um lado e metade para o outro pode provocar uma situação em que a transmissão dos eventos seja colocada num segundo plano. E, aí, é o torcedor quem mais se prejudica. Não, o argumento de que há a TV aberta e o pay-per-view para compensarem isso não vale. Na aberta, é só um jogo por rodada que é transmitido. No PPV, reduz-se ainda mais o alcance dos clubes por conta do alto valor desembolsado pelo pacote.

Se não conseguirmos caminhar para o cenário ideal, que é de união entre os clubes para comercializar pacotes de transmissão, teremos de esperar por um ajuste entre as emissoras que transmitiriam o futebol lá na frente. Em vez do conceito de campeonato exclusivo para transmitir, teríamos jogos exclusivos, como acontece com as ligas americanas e em alguns campeonatos de futebol na Europa.

De qualquer forma, pelo movimento feito agora pelo Esporte Interativo, prever o que acontecerá com os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro na TV paga a partir de 2019 é uma incógnita. E isso é péssimo para o futebol.


Por que os direitos de mídia só crescem
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Erich Beting

A disputa entre Globosat e Esporte Interativo pelos direitos de transmissão do futebol brasileiro a partir de 2019 é um reflexo de uma nova realidade no mercado de mídia que deverá aumentar, e muito, os ganhos do esporte com a cessão dos direitos de transmissão de seus eventos.

Estudo divulgador recentemente pela consultoria PwC mostra que, nos Estados Unidos, os direitos de mídia serão o segmento que mais vai gerar receita para o esporte nos próximos anos. E, a partir de 2019, pela primeira vez, os ganhos com a venda de direitos de transmissão serão maiores do que o arrecadado com bilheteria pelas ligas americanas.

A razão para isso é relativamente simples. E o raciocínio que funciona para o mercado americano se expande rapidamente para os outros países.

O consumo da mídia está cada vez mais fragmentado. As pessoas se dispersam não mais apenas com a TV a cabo, mas com dispositivos móveis, aplicativos como Netflix, exibições em aparelhos como o Apple TV e também em videogames e TVs com acesso à internet.

Hoje, a lógica de consumo da mídia é do conteúdo sob demanda e não mais em tempo real.

Aí é que o esporte passa a ser valioso. Com eventos esportivos de alta qualidade (a NFL é um ótimo exemplo) e/ou grande interesse do público (o Brasileirão é o equivalente por aqui), as empresas de mídia só têm uma alternativa, que é pagar, bem alto, por eles. E o valor é determinado, pura e simplesmente, pela força que esses eventos possuem de atrair grande grau de interesse das pessoas em consumi-los em tempo real.

A tendência de consumo sob demanda do conteúdo de mídia só não é verificada no esporte, em que o consumidor faz questão de acompanhar o evento em tempo real, e não apenas quando ele está em seu tempo livre. A força da transmissão ao vivo faz do esporte um produto como nenhum outro.

Só para se ter uma ideia, na transmissão do último Super Bowl, domingo passado, a rede americana CBS obteve uma audiência de 111,9 milhões de pessoas. É a terceira maior audiência da história da TV americana.

Um dos números celebrados pela emissora, porém, foi o de quanto o Super Bowl aumentou a audiência de programas que foram exibidos após a grande final do futebol americano. O “The Late Show With Stephen Colbert” que foi ao ar após a vitória do Denver Broncos sobre o Carolina Panthers foi visto por 21,12 milhões de pessoas. Só para se ter uma ideia do ganho proporcionado pela transmissão do futebol, a média do programa no último ano foi de 2,9 milhões de espectadores.

Se o futebol brasileiro trabalhar para melhorar a qualidade do produto que é oferecido para a mídia, poderá ver um novo salto nos valores pagos pelas emissoras pela transmissão de seu evento. Para conseguir isso, porém, temos ainda de entender que é preciso pensar coletivamente no futebol, e não individualmente nos valores que as emissoras pagarão aos clubes…


Ainda vai rolar muita água na questão dos direitos de TV
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Erich Beting

No mais tardar depois do Carnaval devemos ter o anúncio do que parecia impossível. Após 20 anos a Globosat deve perder a exclusividade na transmissão do Campeonato Brasileiro (detalhes aqui). Desde 1997 que a emissora de TV paga reina absoluta na telinha do Brasileirão.

Foi naquela época, aliás, que os direitos de TV no Brasil viram o primeiro grande salto, saindo dos R$ 3 milhões ao ano (sim, você não leu errado) para então impensáveis R$ 97 milhões pela exclusividade, em todas as mídias, da Globo.

Agora os valores voltam a ser exorbitantes. A Esporte Interativo propôs um contrato, por clube, próximo de R$ 28 milhões ao ano apenas para os jogos da TV paga. A oferta não foi coberta pela Globosat, que hoje paga, para 20 equipes, R$ 60 milhões anualmente.

O salto dos valores na TV paga é uma realidade cada vez mais próxima do Brasil. Depois de ficar anos e anos sem concorrência em relação aos valores pagos, a Globosat/Sportv viu surgir, nos últimos cinco anos, dois gigantes mundiais da televisão dispostos a investir bastante no Brasil. Com Fox/Fox Sports e Turner/Esporte Interativo, a briga agora é tão forte quanto a existente nos Estados Unidos, o maior mercado de mídia do mundo.

Mas não é possível ter a certeza de celebração do fim de um domínio da Globo sobre os direitos de TV no Brasil. Até agora, a Esporte Interativo tem contrato para apenas 5 clubes. Desses, três estiveram recentemente na Série B, o que é indicativo de que não necessariamente os times estarão, lá em 2019, na elite nacional. Há, ainda, os fatores TV aberta e pay-per-view, que podem ser empecilhos para essas equipes terem algum outro tipo de relação com a Globo.

O fato é que, nessa disputa toda, para variar, o futebol pode sair com a sensação de vitória, mas com uma derrota contundente. Como explicitado longamente aqui no blog lá em 2011, quando começou a ser quebrado o Clube dos 13, a comercialização individual de direitos tem como consequência a desvalorização do produto que é comercializado com a televisão e, pior ainda, a perda de outras receitas pelos clubes por um embate que faz alguns times não ganharem espaço na TV por conta de contratos individuais.

Ainda tem muita água para rolar.

O caminho mais natural é que, uma vez assinado o acordo EI e clubes, mais para frente haja um acordão EI e Globo para a adequação de todos os clubes dentro das grades das televisões. Esse é o caminho necessário para o futebol traçar daqui para a frente.

Do contrário, o dinheiro a mais que os clubes pensam que receberão vai, no médio prazo, virar contra eles próprios.


Entrave maior para uma liga nacional é comercial
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Erich Beting

Alexandre Kalil, designado principal executivo da Liga Sul-Minas, deu algumas entrevistas após a reunião que houve na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e deixou claro que a ambição do grupo de dirigentes que foram à entidade é, em algum momento, formatar um projeto para finalmente tirar do papel uma Liga Nacional, que represente diversas divisões do futebol brasileiro.

Numa entrevista de Kalil ao Globoesporte.com (leia a íntegra aqui), porém, fica claro onde há hoje o maior entrave para a criação de uma liga. Diz o dirigente/executivo:

“O futebol brasileiro precisa de uma conta simples: quem vende, tem que cuidar. Quando houver a Liga, vamos cuidar da Série A, B, C, da quarta divisão. Vamos ter responsabilidade na hora de dividir. Não adianta pensar que eu tenho que ganhar mais que os outros”.

Kalil foi um dos poucos dirigentes que, em 2011, quando começou a implosão do Clube dos 13, se opôs ao modelo individual de negociação dos direitos de TV. Tanto que o Atlético-MG, clube que presidia, foi o último a assinar o contrato com a Globo, que acabou com a única negociação coletiva de direitos que existia no futebol brasileiro, provocando uma regressão de pelo menos 30 anos na organização da modalidade no país.

Agora, essa mesma situação criada no início da década se volta contra os clubes. Os contratos de cessão dos direitos do Brasileirão estão assinados com a Globo por pelo menos mais três anos.

Essa situação já cria o primeiro impasse para a formação de uma liga nacional. A maior receita que existe, em qualquer liga, em qualquer esporte, é a de televisão. E ela precisa seguir, como bem apontou Kalil, uma divisão democrática de receita, para fazer prevalecer a lógica da competitividade esportiva em vez da competitividade econômica.

Como conseguir convencer os clubes, principalmente os de maior torcida, de que eles terão de abrir mão do conforto da situação atual para diminuir a sua receita e tornar sua equipe menos competitiva?

Se os clubes olhassem para além do próprio umbigo, ou para além do fluxo de caixa defasado, seria absolutamente normal ter esse pensamento. O modelo de liga que comercialmente é mais eficiente, que é o dos Estados Unidos, parte do princípio de que todos os clubes são sócios de um negócio maior. O desempenho esportivo não pode ser unicamente dirigido pelo poderio econômico. Isso gera desinteresse do torcedor nesse negócio no médio/longo prazo.

Mas, por aqui, a lógica comercial é colocada em segundo plano. O dirigente, em vez de pensar no todo, olha o seu problema. É natural, é do ser humano. Mas, hoje, isso é um absoluto entrave para que haja condições de se criar uma liga nacional.

Na análise que faz, Kalil é preciso ao dizer que “esse tipo de coisa só nasce quando há vontade dos clubes”, respondendo sobre a possibilidade de a Liga Sul-Minas virar, com o tempo, a Liga Nacional.

A questão é que, além de haver uma miopia na direção de boa parte dos clubes sobre a necessidade de eles serem unidos fora de campo, o principal contrato que daria força econômica à liga hoje está dividido entre os clubes, com cada um recebendo, muito provavelmente, mais individualmente do que estaria se houvesse um contrato coletivo, em que seria obrigatório ser mais democrático na divisão das receitas e no financiamento das demais competições menores, subordinadas à liga.

A boa notícia, porém, é que os clubes finalmente entenderam que, se for para criar uma liga, ela não pode representar apenas alguns clubes, mas uma competição. Esse já foi um primeiro grande passo para que não aconteça, numa eventual criação da liga, o mesmo erro de princípio que, em pouco tempo, acabou com a Copa União e, posteriormente, o Clube dos 13.


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